O gargalo do Rio está na mobilidade. Mesmo a questão do Galeão envolve a necessidade do usuário ser poupado dos problemas no acesso. Chegar ou sair do Rio para um voo doméstico pode demorar mais em terra do que no ar. Urge um acesso via Fundão, no início da Linha Vermelha, de mão e contramão, que pode sair do papel com vontade política. E o transporte por grandes helicópteros a partir do Santos Dumont e de Juiz de Fora, pois o aeroporto é do Rio, mas também da zona da mata mineira. José Antonio Nascimento Brito, presidente da ACRJ, está convencido da importância de se oferecer acesso melhor e mais seguro ao aeroporto.
A questão dos trabalhadores que se deslocam do fundo da baia, São Gonçalo, Mauá, região de Piabetá, Pau Grande – que pela manhã chegam a enfrentar mais de duas horas no percurso até o centro do Rio – só será resolvida mesmo com o projeto das barcas. O percurso que era feito por Pedro II em seus deslocamentos a Petrópolis.
É preciso ousar, acreditar e agir. Imagine a Zona Sul do Rio sem as iniciativas firmes de Negrão de Lima, que alargou a Avenida Atlântica e faixa de areia de Copacabana, abriu os acessos a Barra da Tijuca com os túneis e o elevado. E a remoção das favelas da Zona Sul, iniciada por Carlos Lacerda, mas que ganhou dimensão com Negrão de Lima.
O prefeito Eduardo Paes se tornou gestor admirado, voltando à Prefeitura, apesar de erros políticos, pois apresentou um acervo de obras indiscutível para a cidade, como a nova Rodrigues Alves, Túnel 450 anos, Túnel Marcello Alencar, alargamento das pistas da Avenida Brasil, BRT e VLT. Até agora, a recuperação do centro do Rio é a sua única proposta e, mesmo assim, em ritmo lento. Precisa emprestar sua audácia à mobilidade. Para o que deveria ser mais prefeito e menos político.
Jornal Correio da Manhã 12-11-21