Agora que os ânimos serenaram, é momento de reflexão das pessoas ponderadas, equilibradas, sobre os acontecimentos mundiais a partir da violência praticada por um policial americano contra um infrator negro. A repulsa ao crime é natural, embora todos os dias e todas as horas, ao redor do mundo, alguém seja vítima da violência policial, independentemente de sua raça ou credo. O combate ao crime acaba por brutalizar os policiais e, mesmo nos EUA, os quadros das polícias abrigam muitos negros e hispânicos. Logo, a violência não é dirigida, não é política pública. Este tipo de crime é condenável, seja a vítima de que raça for.
O século atual já foi inaugurado com um mundo melhor neste aspecto, pois o racismo e outros tipos de preconceito passaram a ser quase que clandestinos, pela presença de leis que punem o desrespeito aos direitos humanos e pela própria condenação da sociedade. Em muitos países existem, inclusive, cotas para minorias raciais nas escolas – medida, aliás, que sofre restrições mesmo entre as minorias. O mesmo ocorre com a criação de cotas de mulheres nos conselhos de empresas com ações na bolsa. O que não faz sentido, pois hoje são muitas as que exercem a direção de grandes empresas, ministérios e chefias de governo, além de significativa presença nos parlamentos do mundo ocidental por mérito próprio. O preconceito do século XXI é o econômico-social e não o racial ou de gênero.
A prova da manipulação da revolta é que, a par de atos de vandalismo, o movimento foi buscar, na história, figuras a serem atacadas, na derrubada de estátuas. Nomes sagrados e consagrados, como Churchill, Padre Antônio Vieira e Cristóvão Colombo, tiveram monumentos destruídos. Até para aqueles que efetivamente cometeram, a seu tempo, atos reprováveis, mas que pertencem à história de seus países, como o rei Leopoldo da Bélgica, não tem sentido este expurgo agora, na medida que governou o país por 44 anos e não se dedicou apenas a violências ocorridas no antigo Congo Belga. A condenação que conta não é a desses manifestantes, de maioria branca, mas, sim, os registros históricos, que mostram a dimensão da barbaridade consentida pelo monarca.
No Brasil, o feriado comemorativo da Abolição da Escravatura, no segundo reinado, estando como Regente a Princesa Isabel, foi transferido para o Dia da Raça Negra, em memória de Zumbi, um negro africano dissidente, que criou um território independente, no Nordeste do Brasil, mas que mantinha mais de dois mil escravos nas suas terras e condenava à morte os que tentavam fugir do Quilombo dos Palmares. Fatos inquestionáveis da historiografia da época. Já a Princesa Isabel passou à história com a frase dita ao ser advertida que a Abolição, naquele momento, poderia significar a perda da Coroa: “Prefiro perder dez Coroas a ver sobreviver a escravidão no Brasil”. Na verdade, a Abolição, de 1888, atingiu apenas cerca de um quarto dos escravos na ocasião, pois, desde 1850, havia legislação para o fim do servilismo, como a do Lei do Ventre Livre, da proibição do tráfego, dos maiores de 60 anos.
Para ficarmos apenas na escravidão de povos oriundos da África, é bom observar não existir nenhum registro histórico de europeus indo capturar, comprar ou transportar negros, o que era feito por outros negros, que derrotaram outras tribos e os exportava. Este momento do mundo lamentável não foi prática de um ou outro país com presença nas Américas, incluindo o Caribe. Foram todos, ingleses, franceses, holandeses, portugueses e espanhóis. No caso brasileiro, o comércio negreiro interno era praticado, em significativa parte, por escravos alforriados. E desde a separação de Portugal, em 1822, muitos negros ou mestiços foram agraciados com títulos de nobreza, além de parlamentares e personalidades da vida nacional, a começar pelo nome maior da literatura, Machado de Assis, que era mulato. Os irmãos Rebouças, notáveis engenheiros, eram filhos de um parlamentar mulato e um deles, André, de tão grande dedicação ao Imperador que o acompanhou no exílio na França.
No Brasil, apesar dos esforços da esquerda durante os anos Lula, não existe preconceito como prática, sendo forte a presença de negros, mulatos, em posições de destaque na vida econômica, política, artística e cultural. O que não invalida o combate às formas veladas de preconceito que permanecem nos povos e nas famílias. Mas sem violência e manifestação contra algo abstrato. É como combater corrupção, violência, pedofilia, narcotráfico, que, sabe-se, não possuem entidade legal constituída para aglutinar praticantes e é causa comum de todas as raças.
Os absurdos chegaram, diante de certa apatia da sociedade, acovardada de manifestar suas ponderações, à condenação de um clássico da cinematografia mundial, E o Vento Levou. Um canal de filmes chegou ao cúmulo de retirá-lo de seu ficheiro até ter um “complemento” condenando a escravidão. Ora, 81 anos depois do filme ganhar vários Oscars em Hollywood, seria cômico, se não fosse trágico.
Tudo isso é parte da nova conspiração para a tomada do poder no mundo. A destruição da unidade nacional nos países multirraciais, como EUA e Brasil, além da destruição da família, da disciplina e da permanente desmoralização das polícias, que, afinal, garantem a ordem e a segurança no mundo moderno. O inimigo de todos na verdade são outros , como a desigualdade, a violência dentro das casas , a falta de saúde pública para todos , o subemprego e os radicalismos religiosos . E a impunidade aos que burlam a lei , auferindo ganhos ilegítimos de origem nos recursos públicos . A corrupção é sim o câncer da sociedade.Vamos parar para pensar!!!