O governador Romeu Zema é um empresário de sucesso e idealista, que se dispôs a dar uma contribuição para a vida pública mineira e brasileira. Mas pecou por disputar logo o mais alto cargo do Executivo, aproveitando-se de uma conjuntura eleitoral singular. Afinal, disputou com um governador que tentava a reeleição e um ex-governador, o senador Anastasia, que exerceu dois mandatos cercado de respeito e admiração.
Homem que pensa bem o Brasil, liberal por convicção, gestor comprovado no setor privado, Zema chegou ao poder sem equipe política, sem conhecer os bons quadros que o Estado possui, no BDMG, na CEMIG, na Fundação João Pinheiro e nos centros de referência como a Fundação Dom Cabral. Foi incapaz de procurar a bancada federal, de qualidade e tradição, que o poderia ajudar nas negociações com o governo federal. Solitário, chegou aos 200 dias de governo sem sair do lugar.
Até a privatização da Light, com a venda das ações da CEMIG, que precisava reforçar seu caixa para retomar os investimentos, fez de maneira equivocada. Manteve a CEMIG com expressiva participação e diluiu o capital, fazendo a empresa não ter um controlador. Nem parece oriundo da área da melhor pecuária do Brasil, onde se sabe que o que engorda o gado é o olho do dono. Incrível que o projeto de Fernando Pimentel era privatista e o do governador liberal fosse “ a lá tucano paulista”
Chocante que não tenha resolvido a questão das águas minerais, entre as de maior valor no mercado nacional, abandonadas e sem produzir. A água de Caxambu foi líder no mercado do Sudeste e, hoje, praticamente não produz. Nada justifica esta postura em relação a um valor imenso que as marcas possuem.
Falta ao governador a sensibilidade de perceber que um jovem como o deputado Rodrigo de Castro, campeão de votos em três eleições, pode dar boas indicações para desenvolver municípios do interior, assim como Paulo Abi-Ackel, herdeiro de um ilustre mineiro e brasileiro, em quinto mandato e de grande trânsito no Parlamento. E tem outros, da melhor tradição de nossa política, como Lafayette Andrada,Bilac Pinto. Enfim, as conversas devem ser mais profundas, e não apenas formais.
Falta a determinação política de lutar por projetos fundamentais, como, por exemplo, o arco metropolitano. Este engessa os transportes no Estado, cortando a BR 40 em seu mais importante trecho, que passa pela capital.
O governador tem tudo para acertar. Basta querer e sair desta solidão de homens e projetos.Minas tem pressa.