Se os nossos políticos consultassem mais os arquivos da nossa República, para não ir mais longe, verificariam que tivemos homens públicos de alto valor ético e moral, com autoridade e muito respeitados. Aliás, acho que a população também deveria conhecer, mas, para isso, o ensino teria de ser de melhor qualidade. No meu tempo, estudava-se a relação dos presidentes, com pequeno texto sobre o governo e a personalidade de cada um. Quem se interessasse buscava mais informações.
Muita gente, por exemplo, não sabe quem foi o presidente Epitácio Pessoa, que governou o Brasil de 1918 a 1922, período rico em acontecimentos. No entanto, este paraibano foi um homem de grande valor, jurista respeitado. Jovem ainda, foi deputado constituinte por seu Estado, sendo muito útil na redação da Constituição de 1890. Também foi ministro do Supremo Tribunal por dez anos, depois senador e, por fim, presidente. Era tão respeitado que estava a serviço do Brasil na Europa quando da campanha e, mesmo assim, venceu com facilidade o seu opositor, que era nada mais nada menos do que o sempre citado Rui Barbosa, que tentou três vezes a Presidência – mas parece que foi melhor de marketing do que personalidade política ou cultural.
Foi Epitácio Pessoa quem acabou com o decreto do banimento da Família Imperial para que o Conde d’Eu estivesse presente nas comemorações do centenário da Independência. Mas o marido da Princesa Isabel morreu a caminho do Brasil. No seu governo, o país promoveu, no Rio, a grande Exposição Internacional, que nos legou belos prédios. A maioria foi demolida no governo Geisel, mas ainda resta o Petit Trianon, pavilhão da França, depois doado à Academia Brasileira de Letras, ainda sem sede própria. Epitácio, que tinha origens na nobreza nordestina, viu acontecer em seu governo fatos históricos como a Semana da Arte Moderna e o episódio dos 18 do Forte, dos mais emblemáticos dos movimentos dos tenentes que acabaram chegando ao poder em 1930, com Getulio Vargas.
Homem de personalidade, cultor da ordem e da paz, proibiu badernas de inspiração anarquista e comunista em nossas cidades, fato que ocorria em quase todo o mundo em consequência da Revolução Russa de 1917.
Epitácio Pessoa, como era comum entre as personalidades de sua época, tinha casa em Petrópolis, no Rio, onde morreu e foi enterrado em 1942, afastado da política.
Foi uma grande figura!!!