Santo Antônio, padroeiro de centenas de municípios brasileiros e um dos santos de maior devoção entre os católicos, é muito pouco conhecido em sua história. Entrou no imaginário popular como o “santo casamenteiro” e seu dia abre o período das chamadas festas juninas, até hoje o evento mais popular do nordeste brasileiro.
Santo Antônio de Pádua, cujo nome de batismo era Fernando, não era italiano, apesar de ter vivido e morrido na cidade cujo nome tomou emprestado. Era português, de Lisboa, tendo ido para a Itália já ordenado padre agostiniano. Foi aderir a ordem franciscana, ainda dos chamados irmãos menores, embora proporcionasse a seus membros um altíssimo padrão de cultura. Foi professor em Lisboa e em Coimbra e seu conhecimento era tão completo que foi feito pelo Papa Pio XII “Doutor da Igreja”, honraria conferida a muitos poucos.
Apresentou-se a São Francisco de Assis e logo se notabilizou como grande e eloquente orador. Ficou marcado por muitos milagres e pelo raro dom da ubiquidade, que é o de estar em mais de um lugar ao mesmo tempo. Outros santos tiveram a mesma dávida, como o brasileiro Frei Galvão e o Padre Pio, italiano. Quando seu corpo foi exumado, sua língua foi encontrada intacta, e está até hoje na Catedral de Pádua na Itália.
Outra particularidade de Santo Antônio foi que, em função de uma imensa popularidade, uma devoção ardorosa por onde passava, foi feito santo pouco mais de um ano após sua morte. Viveu no século XIII, tendo morrido muito jovem, entre 36 e 40 anos, em data imprecisa, segundo os estudiosos.
Esse aspecto de sua popularidade, das festas, do folclore, talvez explique o pouco conhecimento de sua rica biografia, em momentos dos mais intensos da Igreja, que praticamente ressurgia com muita força pelo fenômeno de São Francisco de Assis. Este, aliás, na virada do milênio, foi eleito, em pesquisa da revista Time, o homem do milênio. E em Portugal, o maior feriado religioso ainda é o 13 de junho, sendo ele padroeiro de grande número de cidades, a começar pela capital, Lisboa.
Muitos homens ficam acima de países, religiões, ideologias. Os santos, como Santo Antônio e São Francisco, estão entre estes notáveis.