A campanha eleitoral, que teve ontem sua primeira etapa encerrada, foi marcada pelo uso e abuso das redes sociais e até mesmo da mídia em geral para divulgar inverdades sobre candidatos e partidos políticos. O sentido crítico extrapolou os limites da verdade e da ética, facilitando uma exacerbação de ânimos no eleitorado como jamais visto.
A democracia brasileira, neste particular, não saiu engrandecida. O Judiciário interviu mais do que o recomendável, ao liberar operações de busca e apreensão, e até mesmo de prisão, de políticos em plena campanha eleitoral. São processos em curso há muito tempo e que poderiam ter esperado 15 ou 20 dias para terem continuidade. Não afetaria em nada a apuração dos fatos e punição dos responsáveis.
Os partidos políticos também exageraram na busca de espaço no noticiário. Um dos casos foi o da insistência do PT em apresentar o ex-presidente Lula, condenado em segunda instância e já preso.
Eleição majoritária mostra a história eleitoral brasileira; não se força candidaturas sem apelo popular, por melhores que sejam os indicados.
Nesta eleição, a maior coligação partidária cristianizou seu candidato, Alckmin, que, apesar de tantos partidos o apoiando, teve desempenho até constrangedor. Aliás, o PSDB parece que se especializou em lançar nomes sem o carisma exigido numa eleição majoritária como a de Presidente da República.
E ter nome não quer dizer nada, pois Rui Barbosa foi candidato três vezes, perdeu feio e Epitácio Pessoa foi eleito sem fazer campanha, estando, inclusive, fora do Brasil. Eleição também não se ganha de véspera, como aprendeu Fernando Henrique Cardoso quando foi derrotado para Prefeito de São Paulo, depois de ter tirado foto na cadeira de prefeito, certo de que as pesquisas estavam corretas.
Claro que a eleição teve aspectos muito positivos, especialmente no controle do uso do dinheiro, com as ruas limpas de propaganda e sem o barulho dos carros de som. Não se tem notícia da interferência do poder econômico e muito menos do uso da máquina pública em favor deste ou daquele candidato. Mesmo entre os governadores que disputaram a reeleição, prevaleceu a prudência. Esta situação comprova a tese de que a democracia se aperfeiçoa na prática, errando e aprendendo.
Curioso também é a constatação de que o povo tem um instinto natural de bom senso, fazendo opções menos arriscadas em termos de estabilidade da economia do país. As promessas mirabolantes não encontraram muito eco no eleitor. Prevaleceu o dito popular de que “o seguro morreu de velho”.