O Brasil inovou com a comida a quilo, hoje prática em importantes cidades do primeiro mundo. A oferta é variada e a pesagem é feita à vista do consumidor, com emissão da nota imediata. Tem funcionado bem, com transparência. E o pagamento ainda é feito antes de a refeição ser consumida.
No entanto, nos restaurantes de luxo, a chamada alta gastronomia, quando se oferece carne ou peixe a quilo, aqui e no resto do mundo, a fraude é quase certa. Poucos lugares pesam na frente do cliente, que não fica sabendo quanto pagará nem quanto pesa o que vai consumir.
Os vereadores, que andam desocupados e fazem leis desnecessárias, deveriam de cuidar do assunto. Basta colocar na lei municipal, pois a questão é desse âmbito, que quem oferecer carne ou peixe a quilo, fora de Buffet, deve levar à mesa a balança e o preço do que será consumido.
Em São Paulo mesmo, com as carnes especiais (tipo dry aged, kobe beef wagyu e angus) que estão no mercado, muitas casas oferecem o preço por quilo na carta, mas não demonstram claramente o peso do que virá para a mesa. Este clima de desconfiança afeta a credibilidade das casas. Melhor faz o FEED, um açougue com restaurante nos fundos, no Itaim, que tem três tipos de cortes de suas carnes e com preço definido. A Rubaiyat também oferece o Kobe, com preço fixo a R$ 220 reais.
Sustos maiores podem levar os que vão aos restaurantes que oferecem lagosta e cobram pelo peso. Não são raros os protestos na hora de se pagar a conta.
Antigamente, havia uma tabela de pesos definidos e quantidades do que era oferecido. Pratos de camarão, por exemplo, eram cinco do chamado VG, sete dos G e dez dos médios. O filet mignon deveria ter 250 gramas e uma versão de 180, com preços diferenciados. Hoje, fica a critério de cada casa. As massas também deveriam ter 125 gramas sem recheio e 200 gramas, nos raviólis e capelettis, por exemplo.
O vinho a taça mais correto, e raro, é aquele oferecido em copos que tem a marca da quantidade. E esta deve ser de 150 ml por copo e não no “olhometro”, como é habitual.
Artifício dos restaurantes mais caros é justamente oferecer porções pequenas para estimular as entradas, o que vem tornando os preços altos demais e já com reflexos na frequência dos restaurantes. Como se não bastassem a crise, a segurança e as operações “lei seca”, que inibem o uso do automóvel pelo consumidor.
Enfim, é preciso olho vivo, pois o mar não está para peixe.