Ano eleitoral desperta as mais variadas especulações, dando um tom de suspense ao processo eleitoral. Isso desde sempre, mas, hoje, com a participação mais ativa da população pela mídia em geral e as redes sociais em particular, as surpresas tendem a ser maiores. A comunicação de massa ganhou tal importância, que o povo, por vezes, faz opções independentes das forças políticas tradicionais.
Assim foi na primeira eleição direta após a Constituinte, em 1989, quando foram candidatos a presidente do Brasil nomes da mais alta representatividade de nossa política. No final, sobraram, para o segundo turno, dois nomes desvinculados do passado: o líder sindical Lula da Silva e o governador de Alagoas, Fernando Collor, que saiu vencedor.
Os mais jovens, talvez, não saibam que os candidatos que não conseguiram chegar ao segundo turno eram notáveis, então, vamos relembrá-los. Eram eles: Mário Covas e Paulo Maluf (ex-governadores de São Paulo), Aureliano Chaves (ex-governador de Minas e vice-presidente da República), Leonel Brizola (líder emblemático e ex-governador do Rio Grande do Sul e duas vezes do Rio de Janeiro), Afif Domingos (um líder empresarial moderno) e Ulysses Guimarães. Este passou à história como o “pai das diretas”, mas teve votação de deputado em eleição de presidente.
Depois da Constituição de 46, tivemos também casos curiosos, com a vantagem das decisões da Justiça Eleitoral serem todas com prazos (respeitados), e eleito diplomado estava a salvo de impugnações. Em 1950, por exemplo, o governador Adhemar de Barros, de São Paulo, foi candidato ao Senado pelo Rio, então capital da República, onde gozava de grande popularidade. Tanto fizeram que, três dias antes, cassaram sua candidatura. Sem televisão, sem Internet, apenas com jornais e rádios, ele elegeu em seu lugar o suplente Mozart Lago, aliás, um excelente valor da política. Já na eleição de 46, o pintor Candido Portinari foi muito bem votado, mas perdeu por muito pouco para o industrial Roberto Simonsen.
Antes de 1930, então, as coisas eram ainda mais engraçadas. Epitácio Pessoa, por exemplo, eleito em 1918, não fez campanha, pois estava na Europa em missão do governo brasileiro. E Ruy Barbosa, que havia sido candidato anteriormente, teve menos de dez mil votos em todo o Brasil.
O ex-presidente FHC, quando candidato à Prefeitura de São Paulo, estava tão convencido que ganharia que deu uma entrevista a uma revista semanal, que circulava justamente no dia da eleição, sentado na cadeira de prefeito. Abertas as urnas, quem ganhou foi Jânio Quadros.
Eleição surpreende. Por isso, quem disser, ou escrever, que sabe quem vai ser eleito ou não, certamente, estará enganado, enganando ou mentindo.