O denominado “politicamente correto” está chegando às raias do ridículo. Muitas músicas estão tendo suas letras alteradas para atender a este tipo de inovação.
Muitos artistas e até mesmo corais de jovens resolveram alterar a popularíssima País Tropical, consagrada por cantores populares como Wilson Simonal e Jorge Benjor – o último autor da letra. Para o trecho “tenho uma nega chamada Teresa”, tem uma versão que diz “tenho uma amiga chamada Teresa”. Ora, a palavra “nega” não é racial, mas, sim, um chamamento carinhoso.
O deputado Rubens Berardo, dono da TV Continental, no Rio, chamava todo mundo por “neguinho”, tratamento apenas afetuoso, uma vez que seus interlocutores não eram necessariamente pardos. Até porque, caso tivesse uma conotação racial, seria “negrinho”; não “neguinho”.
Até as músicas infantis são alvo desta mudança, pela simples vontade de alguns professores. Não se canta mais “atirei o pau no gato”, mas, sim, “não se atira o pau no gato por que isso não se faz”. E isso sem a consulta a autores e desrespeitando a tradição. Nesse modismo duvidoso, tem escolas públicas, induzindo meninos a brincarem de boneca “para amanhã serem bons pais”. Ora, não se deve confundir um mundo mais aberto e mais igual, com a inversão de valores e a limitação do livre arbítrio das pessoas.
No carnaval, teve quem fraudou letras consagradas como “O teu cabelo não nega”, “Olha a cabeleira do Zezé” e “Nega do cabelo louro”, numa postura menor. O que prova que há muita gente com minhoca na cabeça.
Na verdade, esse modismo da turma que se acha “avançada“ representa uma face intolerante, autoritária e preconceituosa. Podem até adotar, mas não impor aos outros. Assim fica difícil viver, com um patrulhamento permanente em relação a tudo e a todos. Daqui a pouco, vão querer proibir os livros de José de Alencar, que, como parlamentar, votou contra a abolição, dentro do contexto da época.
As diferenças entre brasileiros sempre foram encaradas com naturalidade. Muito louro recebia o apelido de “alemão” ou “Branco”, e não se ofendia com isso. Até a escravidão é explorado ao exagero, pois tivemos no Império políticos e nobres negros, como o pai dos irmãos Rebouças, sendo que um deles acompanhou o Imperador no exílio. O grande jornalista abolicionista José do Patrocínio era mulato e por aí vai. Somos brasileiros e irmãos.