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Este mês o Brasil recebeu a visita do presidente de Portugal, Marcelo Rabelo de Sousa, e do primeiro-ministro, António Costa, em viagem de aproximação com as comunidades portuguesas do Brasil, Argentina e Estados Unidos. Não foi uma visita oficial ao Brasil, mas um encontro com os portugueses que moram e trabalham aqui.
Um detalhe, no entanto, chamou a atenção de todos que em algum momento tiveram a oportunidade de participar da agenda dos dois dirigentes do país amigo: comitivas pequenas e uso de aviões de carreira, sem o aparato do Aerolula, do esquemão de assessores, seguranças e até de “caronas”. Por aqui, há ainda o chamado “grupo precursor”, que vai à frente, como se os nossos presidentes tivessem de ser cercados do mesmo esquema do presidente dos EUA ou do Papa, por exemplo. Embora até o religioso viaje em avião de carreira.
Nessa revisão por que passa o Brasil, temos de cair na real em relação a vencimentos e vantagens nos três poderes, mais especialmente no Congresso e no Judiciário, onde os custos excedem os praticados em países ricos. E não apenas nos escalões mais altos, mas em todos os níveis. Não foi à toa que o irônico Darcy Ribeiro, ao chegar ao Senado e saber de todos os seus direitos, exclamou que pensava ir para o Senado e viu que estava era no céu.
Quando a Câmara dos Deputados era no Rio, até 1960, gabinete era só de membros da Mesa, presidentes de comissões – que eram poucas – e líderes da maioria e da minoria. O resto recebia nos corredores que contornam o plenário. Quando virou Assembleia Legislativa é que ganhou o prédio anexo e já outros imóveis nas imediações. Um custo incompatível com a realidade nacional e muito menos com a estadual. O parlamentar no Brasil tem um salário compatível, mas os extras é que tornam cada mandato muito caro. Deve prevalecer certo bom senso, para o bem de todos.
E se conseguirmos levar a austeridade e a autoridade aos setores da saúde e da educação, aspiração da sociedade, vamos ter bons serviços. Nossas verbas são mais do que suficientes para um atendimento digno, contemplando médicos, professores e auxiliares – desde que a gestão seja eficiente, claro. Não se trata apenas de vigiar abusos, mas gerir o orçamento com bom senso. Mas para que isso ocorra é preciso vontade política e disciplina. Nos dois setores, os salários são baixos, os funcionários fingem que trabalham e têm altos índices de absenteísmo. O Brasil é um raro país em que as faltas não são controladas e muito menos descontadas e os dias parados nas greves ficam por isso mesmo.
Continuando assim, não chegaremos aonde queremos!