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A proximidade do aniversário da Revolução (31/03) e os acontecimentos deste março fazem com que testemunhas e atores em 64 prestem um depoimento que esclareça as novas gerações e refresque a memória dos mais velhos.
O movimento nasceu nas ruas, em 19 de março, com mais de um milhão de pessoas em São Paulo, convocadas pelas mulheres para a Marcha da Família. A primeira-dama de São Paulo, D. Leonor Mendes de Barros, abria a passeata. Outras cidades se manifestaram de igual forma, assim como a imprensa como um todo clamava pela defesa das instituições e o combate à crise na economia e à ameaça comunista que parecia iminente.
Depois de fatos políticos apoiados pelo então presidente João Goulart, como o comício oficial com decretos esquerdista, da cumplicidade com a indisciplina de sargentos e marinheiros da nossa Marinha de Guerra, Minas se levantou pela ação de seu governador, José de Magalhães Pinto, com o apoio de entidades de classe e da maioria das bancadas. Além das guarnições militares federais, com os generais Olímpio Mourão Filho e Carlos Luiz Guedes. A iniciativa foi conjunta do governador eleito diretamente com as forças vivas do empresariado e da classe política, a opinião pública e o respaldo militar. Os jornais da época atestam a quase unanimidade do movimento.
Rapidamente outros membros da oposição às reformas de cunho marxista do então governo, se manifestaram, em igual união das lideranças civis e militares. Também proclamaram apoio integral ao movimento iniciado em Minas os governadores e políticos de prestígio em seus estados, como Adhemar de Barros, de São Paulo, Carlos Lacerda, da Guanabara, Nei Braga, Paraná, e Ildo Meneguetti, do Rio Grande do Sul. Logo, esta história de “golpe militar” é uma farsa, repetida por todos, a começar pelos mesmos jornais que aplaudiram com entusiasmo a revolução.
O Brasil foi ingrato com os militares que salvaram o regime democrático e capitalista. Além disso, muito fizeram em 21 anos e formaram uma equipe eficiente e honrada que promoveu as grandes e decisivas transformações por que passou o Brasil.
Infelizmente, neste quadro dramático em que vivemos, os militares não têm sido ouvidos. E, ao longo da história, só agiram quando convocados e na direção da vontade popular. Não se trata de uma tomada do poder, como acabou sendo em 64, com respaldo no Congresso que, por maioria, elegeu todos os cinco presidentes. E o primeiro, Castelo Branco, por 70% dos parlamentares, incluindo JK. Nem um ordenamento de consenso, como foi em 61, na crise da renúncia de Jânio Quadros com a solução parlamentarista – esta, sim, golpeada e fraudada pelo então presidente.
O momento é de reflexão sobre o papel dos militares na ordem, segurança e espírito público, patriotismo e no exercício da vida pública. Não podemos carregar pela história uma versão ressentida, ideológica, ingrata e injusta.