Lamentável quando se compara os festejos dos 150 anos de nossa independência, em 1972, com os 200 anos que vamos comemorar daqui a semanas. Uma programação pobre, sem os eventos de meio século atrás, com a mobilização da sociedade, entusiasmo popular.
Vivíamos o auge do chamado regime militar, o Brasil crescendo a mais de 10%, ao ano, um presidente popular e reconhecido, Emílio Médici, que, na sua postura digna de militar, dava ao sesquicentenário a dignidade histórica do acontecimento.
Petrópolis era ainda importante na República, sendo a Cidade Imperial. O então vice-presidente, Almirante Augusto Rademaker, foi um morador não habitual na cidade. Gostava de passar temporadas em seu apartamento na rua Irmãos d’Angelo, mesmo durante o seu mandato. Já o presidente Médici foi o último a usar o Palácio Rio Negro.
O governo federal agora não deu importância ao evento. O que de melhor está acontecendo se deve ao setor privado. O intelectual Ricardo Cravo Albin, por exemplo, está lançando um belíssimo livro sobre D. Pedro I como compositor musical de qualidade. Vai revelando que a autoria do Hino da Independência não é um fato isolado em seu interesse e conhecimento da música.
A Independência está intimamente ligada à monarquia, sendo que Pedro II, filho do promotor do fato histórico, passou parte de seus 49 anos de reinado na cidade, que tornou relevante na cultura, na economia e na cultura do país.
O Museu Imperial, o mais visitado do Brasil, de alta qualidade deveria ter merecido uma atenção espacial por parte do governo, assim como a Catedral Metropolitana poderia ser palco de uma missa comemorativa, se possível com a presença do coração de Pedro I, que visitará o Brasil por algumas semanas.
Uma falha de todos.
Publicado em : Diário de Petrópolis 14/08/2022