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As esquerdas brasileiras insistem em se referir ao movimento de 31 de março de 64 como um “golpe de estado”. Na verdade, foi uma intervenção civil militar, com respaldo no Congresso Nacional, que referendou o primeiro presidente do ciclo autoritário.
O Marechal Castelo Branco, escolhido pelo consenso dos líderes civis e militares do movimento, competiu com dois outros oficiais, o ex-presidente Eurico Gaspar Dutra e o Comandante do II Exército, General Amaury Kruel, saindo vencedor com o voto, inclusive do ex-presidente JK. Homem de formação democrática, tomou todas as providências para que o movimento justamente não se tornasse um regime militar. E tomou medidas como a proibição de reeleição dos presidentes e a volta aos quartéis dos militares que exercessem funções por dois anos, tendo como opção solicitarem passagem à reserva.
Assim, houve rotatividade dos presidentes do ciclo e grande número de coronéis que anteciparam a reforma para permanecerem em funções civis de relevo. Este é o motivo da safra de grandes realizadores oriundos das Forças Armadas.
Quando se interpreta 64 como ditadura, omite-se o quadro de instabilidade que vivia o país, inclusive com atos de contestação violenta, armada, com sequestros de diplomatas e execuções, e que a redemocratização plena foi inciativa e concretizada pelo último presidente do ciclo, João Figueiredo.
O Exército deu personalidades de grande atuação como os coronéis Mario Andreazza, ministro de Costa e Silva, Médici e João Figueiredo, nos Transportes, na Habitação e Saneamento; e César Cals, no governo do Ceará e como ministro das Minas e Energia, quando triplicou a produção nacional de petróleo, implantou o Projeto Carajás e aproveitou o carvão nacional para uso da indústria cimenteira, entre outros feitos. Mais o polivalente Jarbas Passarinho, grande gestor do Pará, ministro da Educação, da Previdência, do Trabalho, senador de três mandatos. O General Rubem Ludwig é lembrado entre os melhores titulares da Educação da República. A Marinha se fez presente com o Almirante Faria Lima, na presidência da Petrobras, no governo da fusão da Guanabara com o estado do Rio, e o Comandante José Carlos de Azevedo, o consolidador e certamente o maior reitor da Universidade de Brasília, e a Aeronáutica, com Ozires Silva, o criador da Embraer, entre outros.
As mulheres tiveram destaque com a primeira-ministra mulher, professora Esther de Figueiredo Ferraz, notável ministra da Educação, e a primeira senadora, Eunice Michiles, do Amazonas.
Este martelar infame contra os militares de presença histórica e inquestionável reconhecimento popular desde sempre não tem surtido efeito. Na verdade, a presença militar tem sido a garantia maior de nossa democracia. Concorreram a eleições, elegeram dois presidentes, Hermes da Fonseca e Eurico Dutra, e tiveram candidatos derrotados sem contestação dos resultados como o Brigadeiro Eduardo Gomes (46 e 50), Marechal Juarez Távora (55) e Marchal Lott (60), além de dezenas de parlamentares desde 46.
Publicado em: Jornal O Dia 20/10/25