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A crise que o mundo vive, em especial a Europa, que é a influência intelectual e política maior na América Latina e parte da África e Asia, tem a marca da incoerência, da narrativa de inspiração ideológica, da negação daquilo que o intelectual brasileiro Nelson Rodrigues nominou de “óbvio ululante”.
Para os que não estão contaminados por esta polarização doentia, que cega os inteligentes e cultos e arrasta os ignorantes e crédulos, os fatos mais relevantes do momento mundial são claros e bem diferentes daquilo que se lê nas mídias de todo mundo.
A Ucrania foi invadida, a agressão não difere muito das anteriores ao longo da história, desde Mouros até Napoleão e Hitler, na busca doentia de territórios sem justificativa plausível. É a história se repetindo como tragédia anunciada. Mesmo que com um acordo sem o qual não haverá paz e o cessar de barbaridades com milhares de perdas nos dois lados, a invasão será sempre lembrada como ato de agressão injustificada. Mas um acordo se impõe para atender a reclamos mundiais e estancar tantas mortes. Mas há quem defenda a agressão, ou a justifique, em países democráticos ocidentais. Não conhecem a história da Rússia, que vem desde os czares até os ditadores comunistas na mesma linha.
Israel só quer paz, poder cuidar de seu território e seu povo. Acolhe centenas de milhares de palestinos que encontram ali seu trabalho digno e sustento. Foi alvo de bárbaro ataque, com requintes de crueldade, recebe mísseis diariamente, perde vidas. Há quem reclame de sua justa reação. Justa e indispensável para a sobrevivência do país e do povo. Mas, infelizmente, há quem justifique e até defenda o Irã retrógrado, inclusive mulheres que deveriam ser as primeiras a se indignar com o que fazem com elas no Irã. Mas a ideologia fala mais alto. Com que interesse?
Na sucessão do papa, onde parece claro que houve mesmo inspiração do Espírito Santo, querem apresentar Leão XIV como ele não é. Neste caso, a verdade virá à medida que fique claro que seu pensamento está muito afinado é com João Paulo II, nos costumes e na defesa da liberdade, em geral, e a religiosa, em particular. Mas querem pressionar pelas mídias o papa a aderir a tudo que a Igreja nega ou rejeita.
Sobrevive uma maioria silenciosa nas sociedades mais avançadas, e esta maioria tem dado visível apoio a forças políticas de centro para a direita. A direita vem ressurgindo muito pela relutancia de centristas em formarem uma maioria afinada com o pensamento dos povos, o que numa democracia seria o natural. Mas a pusilanimidade inspira geringonças claras ou sutis. Mas parece que esta covardia está com seus dias contados. A maoria é liberal, conservadora , embora dividida.
No capítulo das narrativas que negam o “óbvio ululante”, está a cortina de silêncio em torno do sucesso de Giorgia Meloni na Itália. Ela assumindo boas tradições da governança e pensamento italianos, sem os erros cometidos no passado, tem tido sucesso na gestão, na política e nos resultados. A economia está saudável, o povo sendo melhor atendido e com mais segurança. Mas não se fala multo disso. Apenas nas medidas de contenção de uma invasão silenciosa que vinha sendo tolerada sem repressão.
Falta vontade política nos grandes agentes da economia capitalista. Poucos grupos relevantes são dirigidos pelos fundadores ou acionistas de referência. Os executivos, tão
bem remunerados que em pouco tempo se tornam capitalistas, não buscam acolher o pensamento liberal-democrático. Gostam até de patrocinar inimigos do regime capitalista-democrático que permite as economias prosperarem.
Mundo louco este!
Publicado em: Jornal Diabo.pt 07/06/25