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A histórica cidade de Vassouras, capital econômica e cultural do Vale do Paraíba fluminense, vem de receber uma obra de grandes dimensões que inaugura uma nova fase na vida da região, que foi das mais prósperas no Império, produtora do café que já era fonte de riqueza no Brasil. Trata-se do Museu de Vassouras, na restauração de imóvel de grande valor histórico e arquitetônico, que foi Santa Casa de Misericórdia e antes residência do Barão do Amparo, um dos muitos titulados do Império da região. O monumento abriga ainda o memorial judaico da região e já tem rica programação de cursos de formação para a mão de obra voltada para a cultura, as artes. Vassouras sempre teve gente dedicada que fundaram o PRESERVALE, como Clair e Delio de Mattos e sua filha Sonia, da Fazenda Vista Alegre.
O imóvel, e sua restauração, foi doação do empresário Ronaldo Cezar Coelho, com passagem na vida pública em mandato parlamentar, constituinte de 88, e elogiada gestão na Secretaria da Saúde do Rio. Ronaldo Cezar vem se dedicando às artes como colecionador de referência e esta doação admirável à Vassouras, onde tem a histórica fazenda São Fernando e criou o Instituto Vassouras. É ainda acionista da mais importante concessão de tv aberta da região. Um raro exemplo de mecenato com absoluta discrição. Um self-made man desprovido de vaidade, em que o sucesso e a fortuna não afetaram a formação judaico-cristã que recebeu.
Uma atitude como esta muda a vida de um lugar, de seus moradores. Vassouras tem tido com as cidades vizinhas, como Valença e Rio das Flores, a valorização de suas fazendas históricas, muitas dedicadas ao turismo rural, e vê florescer a atividade agrícola, inclusive a volta do café que já fez sua riqueza. A fazenda São Luiz, do casal Liliana Rodriguez e Nestor Rocha, é outro exemplo de benemerência para a região.
A cidade é rica em história, com valores como a grande brasileira Eufrásia Teixeira Leite, que doou sua fortuna para a cidade – era sobrinha do Barão de Vassouras –, e berço de brasileiros relevantes na atualidade como o ministro Luís Roberto Barroso, o notável médico Jorge Alberto Costa e Silva, Lucinha Araujo, mãe de Cazuza e famílias ilustres como Lacerda, Werneck, Avelino. Muitos dos filhos do Chefe da Casa Imperial do Brasil, D. Pedro Henrique de Orleans e Bragança, que morou na cidade e está enterrado no cemitério local, onde a mulher, filhos e netos vieram se juntar a ele e são nascidos ali. A propriedade em que viveu, Santa Maria, pertence a D. Alberto Orleans e Bragança, que a frequenta e reúne a família habitualmente.
Pena que tenhamos poucos com a disposição, desprendimento e generosidade de Ronaldo Cezar Coelho.
Palmas para ele que ele merece!
Publicado em: jornal O Dia 07/07/25