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Quem consegue tempo, paciência e interesse em se informar e analisar o que se passa no mundo de hoje irá encontrar fortes motivos para estourar uma crise sem precedentes na economia! E, claro, no social e no institucional também.
A primeira e poderosa bomba é o endividamento de quase todos os países, ricos ou pobres. A maioria passou do limite do bom senso e, mesmo sem juros ou juros baixos, não conseguem diminuir seus débitos. Qualquer espirro na economia levará muitos países a dificuldades, como na Europa, Itália, Grécia, Espanha, Portugal e Turquia, e na América Latina, Argentina e Brasil. E claro os EUA que tem a maior de todas as dívidas, que não para de crescer.
A dívida soberana dos países soma-se a das famílias, colocando a banca em grande fragilidade. Já não temos uma sólida que não dependa de auxílios de entidades oficiais ou multilaterais, como o FMI e o Banco Central Europeu. O mais grave é que as empresas e os cidadãos estão no limite das condições de atender ao fisco, que cobre a própria ineficiência aumentando impostos, desestimulando o investimento e provocando desemprego. É a bomba social sendo armada. Poucos governos querem encarar a realidade do déficit nas pensões, no exagerado número de funcionários públicos, na demora em vender ou fechar entidades que custam muito e pouco oferecem à sociedade. E nas leis laborais que tornam o dar empregos atividade de alto risco.
O segundo drama se refere à segurança pública, não apenas no aumento da criminalidade, da ocupação do entorno das grandes capitais por organizações criminosas, mas também no que toca a ordem pública, com atos revolucionários de sabotagem, ataques como os que vêm ocorrendo no Ceará, no Brasil, em Setúbal, em Portugal, em Madrid e Barcelona, na Espanha, e em Paris, na França. Em quase todos os lugares, forças de esquerda procuram proteger os agentes da baderna e não os que defendem a lei e a ordem. E os governos andam acuados, com medo da opinião publicada em detrimento da opinião pública. Grandes cidades reféns de meia dúzia de baderneiros protegidos por políticos irresponsáveis.
Francisco Campos, um grande pensador brasileiro, que deu suporte ideológico e jurídico ao Estado Novo de Getúlio Vargas, já dizia nos anos 1930, que o grande desafio de regime democrático, de liberdade política e econômica, seria observar com atenção os limites entre a democracia com ordem e paz e regimes marcados pela anarquia e a demagogia. Hoje, muitas democracias estão em crise justamente pela influência de governos que pensam na próxima eleição e não nas próximas gerações. E no espaço desproporcional dado ao Judiciário, que interfere na gestão pública.
Não temos mais elites sociais ou mesmo empresariais; a economia é gerida por executivos e não por empreendedores. Mais do que nunca vale o dito popular do “pai rico, filho nobre e neto pobre”. Poucas empresas sobrevivem a três gerações e as fraudes passaram a uma assustadora frequência em todo o mundo. A corrupção vale tanto no setor público quanto no privado. Tudo por causa de uma triste corrida pelo dinheiro a qualquer custo. Faz lembrar a previsão de Lenine de que os capitalistas e democratas iriam se enforcar com suas cordas.
Ou o mundo cumpre o sentimento de suas classes médias, em defesa dos valores da ética, da família, do trabalho e do respeito aos homens que governam, empreendem, e fazem cumprir as leis, ou vamos entrar em um grave encadear de crises, com ou sem guerras, mas certamente com maiores sacrifícios para os menos favorecidos. A Venezuela, que por incrível que pareça recebe a solidariedade das esquerdas de todo o mundo, é uma “avant-première” do que pode vir por aí.
Que assim não seja!