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A força da indústria automobilística no Brasil é fator decisivo para o crescimento do setor industrial. O país, que já foi o sexto maior produtor mundial, hoje é o oitavo e a parte de peças importadas em seus veículos vem crescendo – apesar das dez maiores montadoras do mundo estarem instaladas no país, além de outras tantas menores.
A Ford anunciou o fechamento de uma de suas unidades no país e a GM confirmou investimentos depois de muito trabalho pessoal do governador de São Paulo, João Doria. A produção deste ano deve ficar parecida com a do ano passado, inclusive pelo agravamento da crise argentina, maior cliente, e a demora na retomada do crescimento e baixa do desemprego no mercado interno. A frota está envelhecida.
O caso dos caminhões se tornou político, desde que os caminhoneiros deram grandes prejuízos à economia do Brasil no ano passado, com uma longa greve. E deve permanecer sendo delicado. O recuo do governo no preço do Diesel repercutiu mal nos mercados e a Petrobras perdeu, em um dia, mais de 9 mil milhões de euros em valor de marcado. A gigante brasileira é cotada em NY e em Madrid.
A origem do problema dos caminhoneiros é que, no Brasil, a maioria do transporte é rodoviário e os transportadores costumam ser os próprios motoristas. Pressionados pelo financiamento dos veículos, o mau estado das estradas que onera a manutenção e o combustível, os custos andam insuficientes. A frota nacional de caminhões de grande porte está superdimensionada. Isso porque os governos do PT, na busca de votos e de agradar a indústria, autorizou o BNDES, banco de fomento estatal, a financiar 100% os veículos.
As montadoras estão hoje espalhadas por todo o Brasil, embora São Paulo ainda detenha a maior produção. Mas Paraná, Rio de Janeiro e Minas Gerais possuem indústrias significativas. A maior do Brasil, a Fiat, por exemplo, é sediada em Minas Gerais e a PSA, no Rio de Janeiro.
Apresentar números positivos no setor industrial passa necessariamente pelo setor do automóvel. Mas outros segmentos ainda apresentam capacidade ociosa significativa. Todos no aguardo da aprovação da reforma da Previdência, que começou a tramitar no Congresso, mas sem a certeza de sua aprovação nos próximos 120 dias.
A economia continuará neste ano muito dependente do agronegócio, da mineração – apesar da Vale estar com produção afetada pela questão das barragens e da energia, desde que são inúmeros os projetos em andamento na transmissão, na eólica e na solar –, além da venda de ativos da Eletrobras e na Petrobras, onde algumas refinarias podem passar ao setor privado. Mesmo assim, a estatal petrolífera ainda carrega uma inacreditável dívida feita pelos governos anteriores. A recente alta do petróleo é positiva, mas, como o petróleo brasileiro é muito pesado, ainda precisa importar para o refino. E o maior fornecedor, Venezuela, está com problemas de produção, como se sabe.
A economia hoje, no Brasil como no mundo, comanda a política, o que faz com que as oposições se distanciem do interesse nacional em favor do partidário. A saída passa pela conscientização ou o instinto da grande massa de eleitores, como ocorreu no Brasil, com a eleição de Bolsonaro, que foi menos dele e mais um grito de “basta” ao mau uso do Estado e de seus recursos em políticas demagógicas. Lula começou com o Fome Zero, um programa social muito aplaudido no exterior, e a pobreza aumentou no país nos 14 anos de PT. E o quadro ainda é incerto.