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A proposta do orçamento da França encaminhado ao Parlamento pelo primeiro-ministro, François Bayrou, é uma prova de pragmatismo e maturidade do centro democrático francês. Perdeu o medo das esquerdas e defende a recuperação da França, que anda perdendo posição nas décadas de experiência de governos de esquerdas ou timidamente liberais.
O país está endividado, paga juros acima da média da União Europeia, tem ainda economia estatizada e muita força num sindicalismo retrógrado sob influência dos comunistas e seus sucessores.
A queda da qualidade social e econômica é um fato amparado nos dados oficiais da Comunidade Europeia. Há 25 anos o PIB per capita era o décimo do mundo e hoje é o 25º. Os produtos vêm perdendo mercado pela defasagem tecnológica e preço.
Agora, quando a situação ficou mais visível, o governo assume propostas mais do que razoáveis para um país que deseja recuperar o tempo perdido na ideologia fazendo prevalecer a razão.
Entre as propostas do governo, está a eliminação de dois feriados anuais, pois a indústria do feriado defendido pelas esquerdas é prejudicial às finanças, à produtividade e até mesmo a algumas categorias que dependem do que produzem para ganhar o sustento. Também procura libertar os trabalhadores do domínio dos sindicatos sempre com viés político-ideológico, como permitir que o trabalhador, de acordo com o patrão, venda uma das cinco semanas de férias. Os sindicatos são contra, numa prova de indiferença à vontade do trabalhador, que prefere receber em dinheiro para liquidar dívidas, por exemplo.
O corte de despesas foi atitude corajosa de um governo que está enfrentando um voto de desconfiança no Parlamento. Coloca os políticos, em geral, na opção de uma atitude responsável ou jogar o país no caos econômico, pois as teses da esquerda aprofundariam a crise na economia.
A França sofre os efeitos dos cercos aos empresários, aos impostos, às leis trabalhistas que beiram a irresponsabilidade, pois as maiores empresas francesas já são maiores fora de suas fronteiras. Estas políticas em todo mundo só geram desemprego e baixos salários. A Holanda e a Finlândia fizeram a opção correta e corrigiram as bondades no campo social que estavam comprometendo a estabilidade da economia. Travaram, ainda, a imigração, que fragiliza os serviços médicos e agrava a segurança pública. A França mesmo quer um basta à ocupação silenciosa de suas cidades, como
Paris e Marselha, pelos imigrantes que se negam a abandonar suas línguas e ritos religiosos, numa afronta à história francesa.
Desafio democrático interessante a batalha que ali ocorre. Democracia não é recuar, tolerar e sofrer em silêncio.
Publicado em: jornal O DIA 08/09/25