Um dos mais importantes brasileiros do século passado foi o mineiro Francisco Campos. De tal cultura e saber que foi apelidado de “Chico Ciência”.
Mostrou sua dimensão e visão no âmbito estadual, como membro do governo de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, um político e estadista de referência na vida mineira, como secretário de Educação, autor da primeira reforma do ensino no Brasil e da contratação de dezenas de professores europeus para as mais diversas áreas da cultura. Promoveu ainda a ida de professores para estágio nos EUA.
Campos defendia o ensino de moral e civismo, para a boa formação do cidadão, o que acabou sendo implantado mais de 30 anos depois pelo regime de 64. Triplicou o número de escolas para a formação de professores em Minas e fundou a Universidade de Minas Gerais. Foi notável seu trabalho.
Na vitoriosa Revolução de 1930, foi convocado por Getulio Vargas para o recém-criado Ministério da Educação e fundou a Universidade do Rio, depois Brasil, e tomou providências modernizantes. Mas foi como ministro da Justiça que se notabilizou e ganhou lugar na história republicana.
Defensor da ordem, ele foi dos primeiros a alertar contra o comunismo, implantado na Rússia e se espalhando pelo mundo, como regime que nega os valores fundamentais do homem que considerava “a religião, a família e a pátria”. Completando o sucesso de sua política, articulando o que viria a ser o Estado Novo e a nova carta, de sua influência decisiva, Campos teve como chefe de Gabinete o então jovem deputado federal mineiro Francisco Negrão de Lima, que, nos 30 anos seguintes, seria dos mais importantes e respeitados homens públicos do Brasil, ministro de Vargas, prefeito do Rio, chanceler com JK, governador eleito do Estado da Guanabara, com importante passagem pela embaixada do Brasil em Lisboa.
Convém lembrar esse pensador extraordinário em face do momento em que vivemos. A necessidade de um Estado forte, com autoridade na preservação da ordem pública e da definição das responsabilidades de cada Poder da República, recomenda uma leitura de seus textos. E, na ação política, foi ainda autor de legislação penal pioneira no combate à violência urbana, já uma realidade no Rio de Janeiro, onde prevalecia uma massa de mão de obra não qualificada significativa –apesar de ser a capital da República e ser a mais importante centro cultural.
Essa cabeça, que ainda veio a ser útil ao Brasil nos primeiros documentos do movimento de 64, merece ser mais conhecida e estudada.