Os valores da ordem, das políticas sociais, da austeridade nas contas públicas e da segurança pública marcaram os anos 30 no mundo e a retomada do desenvolvimento econômico. E o pós-guerra, com ênfase para a guerra fria, quando a União Soviética tentava dominar o mundo através da quinta coluna comunista nos países ocidentais e uma miséria precipitada descolonização que mergulhou a África na violência e na corrupção.
O pai de todos, pelo exemplo vitorioso na Itália, foi Mussolini, que chegou ao poder em 1923. Salazar, em 1929, e Getúlio Vargas, em 1930, puderam usufruir do que estava dando certo em Roma.
Salazar e Getúlio nunca se encontraram, mas, na ocasião, a ligação dos dois povos ainda era muito grande, sendo relevante na vida brasileira e na comunidade portuguesa.
Os dois países naqueles anos – Salazar, de 1929 a 1970, e Vargas, de 30 a 45 e de 51 a 54, por coincidência ou não, tinham políticas muito semelhantes. O voto feminino foi instituído no Brasil em 1932 e em Portugal, em 1934, por exemplo.
Em 1937, quando Vargas instituiu a ditadura, a nova Constituição inaugurava os anos que inicialmente teriam a denominação de Estado Nacional. Logo foi substituída por Estado Novo, que já era o regime português. Ambos limitavam a dois ou três grandes eventos, como o 1º de Maio, para falarem ao povo, preferindo o uso do rádio no dia a dia.
Os homens responsáveis pela área da propaganda, da cultura, tinham grandes afinidades e um programa comum. Eram António Ferro, que era publicado no Brasil, e Lourival Fontes, brilhante jornalista e político, que foi o responsável pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, que inclusive cuidava da censura aos jornais, livros e peças teatrais. Censura longe de ser comparada com as vigentes nos países comunistas. A esquerda, nos dois países, gosta de falar na censura dos regimes de Salazar e Getúlio, mas silenciaram sobre a ferrenha repressão ao livre pensamento e opinião no bloco comunista, como até hoje em países como Cuba, Nicarágua e Venezuela.
O primeiro acordo cultural entre Portugal e Brasil foi assinado no Rio de Janeiro por Antonio Ferro e Lourival Fontes com a assinatura e presença de Getulio Vargas.
Em 1940, quando da Exposição do Mundo Português e do Duplo Centenário, o Brasil foi o único país presente, com um pavilhão que contou com a participação dos seus melhores nomes entre seus intelectuais como Augusto de Lima Junior e Gustavo Barroso.
Outras identidades entre os dois ditadores naqueles anos foram a preocupação com o patrimônio histórico, na preservação dos monumentos, prédios, igrejas de valor artístico e de época. E mais, as leis laborais de proteção aos trabalhadores, as habitações sociais e as obras públicas emblemáticas, hospitais que até hoje são referência no atendimento. Lisboa e Rio de Janeiro sofreram intervenções que o tempo revelou de grande importância na consolidação das duas metrópoles. Ponto que ganha importância agora foi a questão da segurança pública. As duas cidades nunca tiveram tanta segurança como naqueles anos.
Na questão da guerra, Salazar conseguiu preservar Portugal, e Vargas só entrou em 42 e os primeiros brasileiros a pisarem o solo europeu foi em agosto de 44, com a guerra decidida.
À medida que o tempo passa e avança a desintoxicação da narrativa fraudulenta das esquerdas, estes dois estadistas avultam no reconhecimento histórico aos anos marcados pelos dois. Sem falar que havia entre eles ainda em comum a correção pessoal e austeridade no trato do dinheiro público.
Por isso, as esquerdas insistem nas versões mentirosas.
Publicado em: Jornal Diabo – Portugal