A equipe econômica do governo poderia começar a tratar de algumas iniciativas pensadas no período em que o genial e criativo Delfim Netto comandou nosso planejamento econômico, fora de nossas fronteiras e que foram esquecidos com o tempo.
O primeiro seria a criação, em Portugal, de armazéns alfandegados para produtos brasileiros, que ficariam estocados para venda e entrega no curto prazo na União Europeia. Estes estabelecimentos poderiam ser de titularidade de um consórcio de empresas exportadoras, dando ao governo a cobertura política no que toca ao contrato com as autoridades portuguesas. Armazéns, inclusive, frigorificados para carne e frutas.
A outra iniciativa, que ficou no papel, é o acordo com a Guiana para uso de seu porto como saída brasileira para o Caribe. A estrada de Boavista até a fronteira foi feita no governo FHC e o Brasil ficou de financiar a parte da Guiana, o que nunca foi feito. Agora que Roraima está sendo devolvida ao Brasil – dois terços do território estavam ou estão sob comando indígena – e a Usina de Cotingo (mas deveria ser chamada de Cesar Cals, que sonhou com ela) será uma realidade, o Estado poderia exportar, via Caribe, produtos provenientes da Zona Franca de Manaus. Daria um novo enfoque e possibilitaria o crescimento da produção local. A Zona Franca pode crescer muito como plataforma de exportação via Caribe para o mercado da América do Norte, inclusive ampliando a lsita de produtos a serem oferecidos. O Brasil tem reservas robustas para destinar um valor em divisas para o BNDES financiar projetos em Manaus, onde já existe mão de obra qualificada na importação de máquinas e equipamentos industriais de ultimas geração.
Existe projeto de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE) pronto para a cidade de Teófilo Otoni, em Minas Itaguaí, no Rio de Janeiro. Poderia ser o primeiro de uma série. É diferente ZFM que vende também no mercado interno de vez que a ZPE é só para exportação.
A hora é de fazer, criar, executar projetos para competirmos com um mundo cada vez mais voltado para o comércio, em meio a verdadeira guerra tarifária, quando a produtividade, a logística e o custo do transporte passam a ser fundamentais. Nossa soja do centro-oeste já vai ganhar muito com a BR-163, liberta dos atoleiros, aumentando a lucratividade dos produtores, emblemática obra do primeiro ano deste governo.
É preciso mobilizar as bancadas do Amazonas e Roraima para a questão do Caribe.