O grupo Globo, que reúne os jornais O Globo, Extra e Valor, mais rede Globo de rádio e de televisão, gráficas e outros empreendimentos da área, começou a comemorar os seus cem anos, que ocorrerá em julho de 2025.
O jornal foi fundado por Irineu Marinho, um respeitado jornalista, que, entretanto, morreu menos de um mês depois do primeiro número. Roberto, seu filho mais velho, ainda muito jovem demorou algum tempo até assumir a direção, que, com o passar do tempo, dividiu com os dois irmãos, Rogério e Ricardo.
Roberto logo mostrou seu talento de gestor e, em pouco mais de 20 anos, fez do jornal o mais importante do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e lançou a Rádio Globo, que projetou nacionalmente o político Carlos Lacerda, que, através de sua presença na emissora em oposição ao presidente Getúlio Vargas, derrubou o governo gerando a crise que levou Vargas ao suicídio. Em 1965, Roberto Marinho lançou a Rede Globo de televisão, desde então líder de audiência e responsável pelas novelas de sucesso em Portugal e em alguns países latino-americanos.
Roberto Marinho sempre manteve o grupo independente de governos e partidos políticos, influindo, entretanto, nos acontecimentos mais importantes do Brasil.
A Revolução de 1964 contou com o importante apoio de Roberto Marinho do início ao fim, sem a perda de sua independência. A democracia e a livre empresa muito devem ao patriotismo dele. Foi também membro da Academia Brasileira de Letras.
O jornal sempre teve uma ligação muito forte com Portugal. Durante muitos anos, chegava a Lisboa na tarde do mesmo dia que circulava no Brasil. A redação era dirigida por Alves Pinheiro, um dos grandes jornalistas de sua época, e a edição que embarcava para Portugal tinha uma tarja verde e vermelha. A Rede Globo mantém um escritório em Lisboa.
Com o passar do tempo foi adquirindo as ações dos irmãos e irmãs e, por tal, o jornal foi legado a seus três filhos, educados primorosamente. Os três, apesar do poder e da fortuna, levam vida discreta e austera.
No Brasil, hoje são raras empresas de comunicação mais antigas com herdeiros no comando. Os Diários Associados, império criado por Assis Chateaubriand, está muito decadente, liderando apenas em Brasília e já sem um jornal no Rio ou São Paulo. A Manchete, revista inovadora, e sua rede de televisão faliram após a morte de seu criador, Adolfo Bloch. A Editora Abril, cuja revista Veja chegou a ter circulação semanal de um milhão de exemplares, também quase foi à falência, hoje não mais pertence a família Civita. O Grupo Zero Hora no Rio Grande do Sul e a Folha de S. Paulo ainda têm o comando de uma segunda geração.
Roberto Marinho que viveu 98 anos, foi o maior e mais importante jornalista e dono de empresas de comunicação do século passado no Brasil e entre os maiores do mundo a seu tempo. Seu estilo era bem diferente de Chateaubriand, que chegou a ser Senador e embaixador no Reino Unido. Roberto viveu do jornal e demais empresas de comunicação e a elas dedicou sua vida.
Pena que há alguns anos maus conselheiros convenceram os irmãos Marinho a publicar um documento em que lamentam o apoio do grupo a Revolução de 64
Afinal o grupo Globo ao apoiar todos os governos militares foi também responsável pelo. salto que o Brasil deu no período, deixando de ser a 46ª economia mundial para ser a 8ª.
Publicado em: Jornal Diabo.pt