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O desgaste do presidente Lula com o fracasso de seu governo parece irreversível. Com mais da metade do mandato decorrido, as perspectivas na economia não são as melhores. No campo político, haverá dificuldades crescentes nas relações com os parlamentares. E as dificuldades da população devem ser agravadas com a inflação e a queda do consumo. O endividamento das famílias, incentivado pelo governo, é um desastre anunciado e vai ocorrer mais para o final do ano. A inadimplência preocupa bancos e cartões de crédito.
O presidente, apesar de estar sendo criticado pelas mídias, mantém seu carisma e prestígio pessoal. Mas sua capacidade de competir nas presidenciais do próximo ano vai depender da divisão das direitas. Bolsonaro é a maior liderança, mas com forte rejeição. Na eleição passada, 38 milhões de brasileiros não votaram ou votarem nulo ou branco, com suposta maioria de conservadores que não queriam votar em Bolsonaro. Lula venceu por menos de 2%. Mantida a inelegibilidade de Bolsonaro, o centro-direita pode ter uma candidatura competitiva.
Variedades
· A presença de Lula da Silva em Moscou para os eventos comemorativos dos 80 anos do fim da guerra, no dia 9, repercutiu muito mal nas mídias e nos meios políticos. Lula ficou com muitos ditadores, especialmente dos latino-americanos controvertidos, como Maduro, da Venezuela, e Díaz, de Cuba. Já a primeira-dama, Janja da Silva, esteve em St. Petersburgo com o maior defensor da invasão da Ucrânia. Depois de Moscou a comitiva seguiu para a China onde Lula da Silva não perdeu a oportunidade de criticar Trump.
· Os meios católicos estão preocupados com os elogios de dois ex-religiosos católicos, afastados por João Paulo II, ao novo Papa. Frei Beto, conhecido pela longa amizade com Fidel Castro, e Leonardo Boff, militante de esquerda afastado pelo Vaticano no papado de João Paulo, saudaram a escolha com entusiasmo.
· O economista Marcio Pochmann, que dirige o órgão de estatísticas do Brasil, está sendo contestado por divulgar índices favoráveis ao governo. A reação vem de dentro da entidade, que tem quadros técnicos respeitados.
· O desmatamento na Amazônia subiu mais de 50%, segundo órgão oficial do governo. Na campanha eleitoral, Lula acusava Bolsonaro de “desmatador”.
· O Congresso pode aprovar ainda este ano o fim da reeleição para cargos no Executivo e a volta do mandato de cinco anos para o presidente da República. A medida foi aprovada no governo Fernando Henrique para favorecer o então presidente. Desde então, apenas Bolsonaro não foi reeleito.
· O lucro dos dois maiores bancos privados, Itaú e Bradesco, no primeiro trimestre foi grande. E os juros passaram a 14,75%, ao ano.
· Para atrair datacenters, o Brasil vai abolir impostos sobre importação de bens do setor não fabricados no país. Um vento de bom senso.
· A francesa Lactalis, dona da marca President, já é a maior indústria de lácteos do Brasil, com 3% do mercado, e vai investir para dobrar a produção em dois anos.
· O presidente de Angola visita Brasília esta semana e na pauta acordos para a presença do agronegócio brasileiro em seu país. A nação africana oferece terras em regime de concessão. Quando do 25 de abril, o grupo português Central de Cervejas, sob liderança em Angola de Manuel Vinhas, estava com ambicioso projeto de maracujá que seria aproveitado para refrigerante da marca Schweppes, que representavam no país. Era um projeto associado à empresa brasileira então líder no maracujá.
Publicado em: Semanario Sol 17/05/25