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O ano passado registrou o centenário de muitos brasileiros ilustres, relevantes em seu tempo, exemplos positivos para as novas gerações, que precisam acreditar na democracia representativa de qualidade e saber que já tivemos políticos de excelência, muitos até longe dos holofotes e de atuação mais estadual do que nacional.
A qualidade intelectual, o brilho na tribuna do Parlamento, a vida limpa, íntegra, o respeito da sociedade, assim como homens vocacionados para o exercício competente de funções no Executivo dos estados.
Uma simples consulta nos sites de pesquisa da Internet revela gigantes que tiveram seus centenários cercados de silêncio, com pouca ou nenhuma lembrança. Infelizmente muitos dos atuais parlamentares nunca ouviram falar nesses brasileiros.
O primeiro que desponta é o senador Paulo Brossard, que encerou a carreira como ministro do Supremo Tribunal Federal. Jurista, parlamentarista histórico, este gaúcho de Bagé foi deputado estadual, federal, senador, ministro da Justiça e ministro do STF. Monumento de coragem e independência, foi defensor do movimento de 64, que considerou ato de legítima defesa da sociedade com os rumos perigosos do país na ocasião. Foi para a oposição quando o regime endureceu após as eleições de 1965, mas nunca comungou com os atos de terrorismo e violência, fazendo oposição com ideias e ação parlamentar.
Outro gaúcho notável, com dois mandatos de deputado federal, foi Clóvis Stenzel, um orador entre os maiores nas duas legislaturas em que atuou, professor de direito, jornalista, exerceu mandatos também pelo estado do Espírito Santo. Foi do PRP, PSP e depois da Arena, onde se elegeu. Um estudioso, intelectual, que brilhou e não deveria ser esquecido. E 1974 disputou pelo Rio e ficou na suplência.
Outro gigante sulista foi o catarinense Antônio Carlos Konder Reis, brilhante defensor das boas teses na Constituinte de 88. Foi governador de seu estado, deputado federal e senador. Certamente nas muitas legislaturas em que atuou no Congresso Nacional esteve sempre entre os mais atuantes e respeitados. Não merecia não ser alvo de homenagens pelo seu centenário.
Político regional, com mandatos de deputado estadual e de federal, Silvio Fernandes Lopes, foi político paulista polivalente, pois exerceu cargos de secretário em diferentes pastas nos dois melhores governos de seu tempo, com Adhemar de Barros e Paulo Maluf. Silvio Lopes era político de Santos, mas de reconhecimento em todo o estado.
Triste ver estes tempos que carecem de exemplos deste nível não exercer a gratidão e o reconhecimento.
Infelizmente fato natural num país que também não soube, ano passado, comemorar os 200 anos de nascimento do maior de seus filhos: o Imperador Pedro II.
Jornal Correio da Manhã 14/02/25