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Educação política, recebida em casa ou no estudo da História, é avaliar os homens públicos, os governos em geral, dentro de um conjunto de fatores. Uns positivos e outros negativos, como tudo na vida.
Não se briga com fatos, que podem ter interpretações diferentes, mas não podem ser negados. A Rússia invadiu a Ucrânia, é um fato. A Rússia alega que o território já foi seu no passado e que parte dele ainda é culturalmente russo. O Hamas é organização terrorista, atacou de maneira cruel e bárbara Israel, que usa do direito legítimo de se defender. A divergência pode ser na forma de reagir, mas não se pode negar a legitimidade da defesa diante dos ataques que não cessam. Ucrânia e Israel não começaram os conflitos; isso é outro fato inquestionável.
No Brasil, vivemos este debate sobre tentativa de golpe, com exagero de parte a parte. Parece claro que o derrotado nas urnas acreditou que a imensa popularidade que tinha – e tem ainda – seria suficiente para vencer eleição brigando e polemizando com todo mundo. Ingenuidade com arrogância e ignorância. Mas a tentativa nunca esteve perto de se tornar realidade. Golpe só com apoio militar e este não existiu. Até as supostas manifestações do então Comandante da Marinha pode ser interpretada como gesto de gentileza para o presidente da República, que é o Chefe Supremo das Forças Armadas. Logo, a punição deveria ser política, tipo inelegibilidade e passagem para reserva no caso dos militares, além da inelegibilidade destes também. Mas a polarização nos levou a este espetáculo deprimente de fantasias de lado a lado.
A ausência de razoabilidade chega a tal ponto que usam e abusam do chamado “fogo amigo”. Os filhos do ex-presidente atacam os aliados mais importantes do pai, selecionam quem pode e quem não pode fazer oposição. E não têm nenhum constrangimento em não aceitar uma anistia aos participantes do 8 de janeiro presentes na Praça dos Três Poderes, onde o pai não estava. A preocupação não é com os ingênuos protagonistas das cenas lamentáveis, mas com o pai. A depender deles, ficarão todos na cadeira por 17 anos.
O Brasil não merecia viver momento tão pobre de valores nos atores de sua vida pública, nos três poderes, e mais a presença insistente da corrupção estimulada pela impunidade. A economia derrete e pode nos levar a uma grave crise social com reflexos políticos.
Nessa batalha, não haverá vencedor, mas certamente perdedor, que é o povo brasileiro. Lula reeleito vai perseguir o adversário, e Bolsonaro ou títere eleito vai perseguir o lulapetismo. E onde fica o interesse nacional?
Urge uma solução de centro, de bom senso, de união e conciliação.
Publicado em: jornal Correio da Manhã 25/09/25