Nestes tempos modernos, as novas gerações perderam o interesse em colher lições no passado. Entre elas, a capacidade de se usar em benefício da sociedade. As cidades, os países e até empresas privadas vivem de saltos, do aproveitar ou não oportunidades. E o que faz um governante eficiente, como um empresário, não se aprende nas escolas nem nos mestrados. É a intuição, a capacidade de extrair projetos do que viveu ou ouviu.
Os cariocas, por exemplo, saberão que devem ao prefeito Carlos Sampaio, o desmonte do morro do Castelo, que deu ao centro este espaço e permitiu o início do que veio a ser o Aterro do Flamengo, hoje Avenida Infante D. Henrique? E que foi o prefeito Mendes de Morais que fez a ponte para a Ilha do Governador, que tornou o Galeão um aeroporto utilizável pela população? Os primeiros voos intercontinentais chegavam e os passageiros tinham de tomar uma barca.
Não temos uma publicação para uso nas escolas, nos meios militares, inclusive estaduais, que conte a epopeia que foi a construção da grande metrópole que temos?
Carlos Lacerda, jornalista, orador, destruidor de presidentes, foi um governador relevante. Nos legou o Túnel Rebouças, o Ruben Vaz, em Copacabana, e terminou o Santa Bárbara.
Negrão de Lima, então, foi o que o destino permitiu ser o mais importante, pela habilidade política que lhe permitiu obra decisiva. A saber: o alargamento da Avenida Atlântica e da praia de Copacabana, que, sem a sua coragem, teria engessado o crescimento da cidade para Ipanema, Leblon e Barra. Esta deve tudo a Negrão, que foi o túnel Dois Irmãos, a autoestrada de acesso. E mais, removeu as favelas do entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas, com um total de mis de dez mil barracos, entre Catacumba, parte da praia do Pinto, Piraquê, Guarda e Macedo Sobrinho. Imaginem o Rio sem estas obras.
Até ao contestado e controvertido Brizola, devemos a Linha Vermelha, na primeira fase, o sambódromo, os CIEPs – enquanto os seus antecessores, nos dois mandatos, nada fizeram digno de registro.
E a presença do Rio, tanto a cidade como o Estado, na política nacional com parlamentares de referência. No Senado, um gigante como Gilberto Marinho, dois mandatos, inclusive tendo sido presidente do Senado; Amaral Peixoto, também com dois mandatos e de projeção nacional, presidente do antigo PSD e depois do PDS; Nelson Carneiro, recordista de mandatos, dignidade e espírito público. Pouco lembrado e conhecido, outro grande brasileiro foi o general Caiado de Castro, chefe da Casa Civil de Vargas, eleito senador em 1954 e que marcou a política pela dignidade de apoiar Adhemar de Barros na sucessão presidencial, pois sabia ser este o compromisso de Getulio.
Enfim, vamos tirar proveito desses exemplos e afastar os que se dedicam a criticar, a destruir, a fazer da política uma atividade elitista e comprometida com ideologias pouco confiáveis nos resultados econômicos, sociais e políticos
Publicado em : Jornal Correio da Manhã