Manifestações de ruas normalmente envolvem protestos de oposição. No Brasil, é diferente. No 1º de maio, os adeptos do presidente foram às ruas, com as cores nacionais e bandeiras. Realmente milhões de manifestantes, sendo que Rio e São Paulo com relevância. Faria algum sentido se o governo tivesse algum projeto a depender dos demais poderes, mas não se trata disso. Ninguém duvida que o Presidente tenha apoio relevante, mas está ficando longe dos 57 milhões de votos que teve em 2018.
Nesta semana, as vacinas aplicadas passam dos 35 milhões, pelo menos com a primeira dose, 18% da população. Muito pouco.
E o Senado, no inquérito sobre a pandemia, vai concluindo que o governo foi imprevidente na compra de vacinas e o presidente, comprovadamente, se negou a defender as medidas consagradas mundialmente, do isolamento, distanciamento e uso de máscara. Ainda recomendou e distribuiu remédios sem comprovação científica como a cloroquina. O inquérito agravará a crise política e seus inevitáveis reflexos na economia. Os depoimentos de dois ex-ministros da Saúde não deixam bem o presidente. E esta briga, que vai tumultuar os estados que geraram casos de corrupção, só desvia a atenção do foco que deveria ser a pandemia e a economia.
Agravou-se o estado de saúde do Prefeito de São Paulo, Bruno Covas, de 41 anos.
Na economia
- O mercado imobiliário de luxo está aquecido em todo o país. E volta a crescer o interesse por imóveis fora do Brasil – Flórida, nos EUA, Punta del Este, no Uruguai, e região de Lisboa, em Portugal, nas preferências. O Uruguai, que tinha mercado de São Paulo para o sul, começa a atrair brasileiros de outros estados por uma política fiscal inteligente em relação a impostos e a direitos de residência fiscal. Miami chama atenção pelas facilidades de financiamento e preços voltam ao topo. Portugal sofre com a questão tributária, não sendo poucos os que estão vendendo a segunda e terceira propriedade pelo aumento do IMI para o conjunto imobiliário de alto valor e a exclusão da região de Lisboa nos vistos Gold. Atrás dos imóveis, estão os residentes temporários e os retirados de outros países, que fazem rodar a economia e o emprego.
- No mercado financeiro, ganha relevo os fundos com aplicações fora do país. É o medo da inflação, da incerteza política e do fracasso nas reformas indispensáveis ao crescimento. O Bradesco, maior instituição bancária privada, comprou um banco na Flórida para atender a brasileiros, e está alterando o nome para Bradesco América, o que o Banco do Brasil já fez numa rede local de mais de dez balcões pela Flórida, com o BB América.
- Para manter o orçamento dentro dos limites permitidos, o governo vem atrasando pagamento do Brasil em organismos internacionais. Em dia apenas a ONU, que, em boa hora, retirou o direito de voto aos inadimplentes.
- Grandes grupos do varejo estão adquirindo empresas menores. A tradicional indústria de malhas Hering, com rede de lojas próprias, foi vendida a um grupo que atua na faixa mais alta do mercado, Animale, Farm, Maria Filó e outras, por equivalentes 800 milhões de euros. As Americanas, ligadas aos acionistas da Ambev, adquiriram duas redes menores e disputam a lista das cinco maiores no e-commerce.
- A FedEx, no Brasil, está dotando seus caminhões com uma manta eletrificada, não letal, para dificultar assaltos nas estradas. E tem dado certo. A empresa atua fortemente da Bahia para o sul do Brasil e tem voo diário saindo de Campinas para seu centro, nos EUA, em Menphis. Emprega 12 mil brasileiros.
VARIEDADES
- O Flamengo marcha para mais um título. Venceu o Volta Redonda com três gols de Pedro, seu novo goleador, que não é titular do time ainda. Mas a torcida pressiona para ser.
- Comoção nacional com a morte do ator e comediante Paulo Gustavo. Tinha 42 anos e lutou contra o vírus 50 dias.
- O Grupo Globo, de jornais, rádios e Rede Globo de TV, promoveu rodízio no seu Conselho de Administração. João Roberto Marinho, que era vice-presidente, agora é o presidente e Roberto Irineu passa a vice. José Roberto permanece no conselho, que conta ainda com dois executivos e dois da terceira geração Marinho.
- São três as cadeiras vagas na Academia Brasileira de Letras, que hoje não exige mais obra literária publicada. As próximas vagas devem ser preenchidas por uma atriz, um economista e um médico. Na fila, uma jornalista militante política da estima do grupo dominante na Academia.
Publicado em : Jornal Sol/Portugal