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O século XXI nasceu consolidando alguns equívocos que estão custando caro a países e povos, para não dizer à humanidade. Por um lado, as sociedades de consumo tiveram uma elevação do nível de vida de significativas parcelas da população dos principais países de cultura judaico-cristã ou capitalistas, como são os casos do Japão e Coreia do Sul. Mas, por outro lado, as teses socialistas que sobrevivem no imaginário de uma minoria intelectual, apesar de nenhum resultado prático comprovado, embaralharam as funções dos atores responsáveis pela política, a arte de governar e a de empreender.
Não existe tecnologia nem avanço cultural que substitua os dons inerentes ao homem, na sua formação, mentalidade e até mesmo temperamento. Cada papel exige mais do que o preparo acadêmico, o capital financeiro disponível ou o simples domínio absoluto do poder. O objetivo de todos é o progresso, o bem-estar das pessoas, o encontro do reconhecimento pela popularidade, resultados de gestão, lucros em balanços. O preparo e a formação ajudam, mas não coroam vocações, pois sem o dom que cada um carrega não se logra o sucesso. São raros os exemplos dos ventos do destino proporcionarem êxitos. Talvez o último tenha sido o Rei D. Manuel, que, por tal, ganhou o título de “o venturoso”.
Margareth Thatcher já dizia que governar era uma arte. E mostrou que nasceu com este talento, que lhe permitiu chegar ao poder e reerguer a Inglaterra, então em franca decadência. Despertou a admiração do mundo e criou uma escola, cujo melhor aluno-seguidor foi o presidente Ronald Reagan, considerado em todas as pesquisas de opinião nos EUA como o melhor de seus presidentes.
A personalidade forte, a dedicação sacerdotal ao cumprimento do dever e a austeridade permitem o sucesso de governantes em regimes autoritários, que enfrentaram resistências radicais e até com inspiração de potências estrangeiras. Foram os casos, entre os anos 30 e 60, de Salazar, Franco e Vargas. Estes passaram bem à história.
Deter simplesmente o poder, mais do que autoritário e ditatorial, não leva a felicidade aos povos, muito pelo contrário. Ditadores, como os casos recentes de Fidel Castro e Nicolas Maduro, levam à miséria, ao racionamento e à ausência total de liberdades.
O mesmo ocorre no setor privado, cujas grandes empresas em todo o mundo foram criadas pela força empreendedora de seus fundadores, a maioria das quais mal chegando a uma terceira geração. Francisco Matarazzo, imigrante italiano, que se tornou a maior fortuna e o maior grupo brasileiro a partir dos anos 30, com cem indústrias, foi agraciado pelo Rei Vittorio Emanuele, nos anos 30, com o título de Conde, pelas doações feitas ao programa de Mussolini de asilos de idosos e creches para crianças, na Itália. Como ele, Rodolfo Crespi, também Conde, segunda maior fortuna brasileira da época. Nenhuma empresa existe hoje. Depois que os herdeiros entregaram aos “gênios”
formados em grandes universidades inglesas ou americanas, a decadência foi rápida. Os herdeiros ficaram pobres e os “gênios” ricos.
Assis Chateaubriand criou o maior império jornalístico das Américas, com rádio, televisão, jornais e revistas, fundado nos anos 20 e quase fechadas no final dos anos 60 com a sua morte. Hoje, tem uma pálida presença em alguns lugares do Brasil. Em Portugal, não foi diferente com o final dos herdeiros de Alfredo Silva, Ricardo e Manuel Ricardo Espírito Santo. Eles tinham no sangue o talento do empreendedorismo.
Hoje, em quase todos os países, há políticos que conhecem o caminho das urnas, o senso de aproveitar os sentimentos populares de momento, mas são desprovidos da arte de governar. Por isso, estão todos em dificuldades e sem saber como sair desta monumental crise. Para reflexão!