O presidente Bolsonaro entra em seu segundo ano de mandato com um país encaminhado para a recuperação da situação caótica que ele recebeu. Na verdade, o ex-presidente Temer começou a estancar as barbaridades dos anos PT, com uma gestão responsável nas contas públicas e procurando algumas reformas. Acabou conseguindo apenas a laboral, pois não se livrou de amizades comprometedoras de seu passado e teve ministros muito próximos presos ou envolvidos em casos de muita corrupção. Um deles, Geddel Lima, tinha um apartamento para guardar dinheiro vivo, onde foram encontrados cerca de 15 milhões de Euros – 51 milhões de Reais, na época em que a cotação era 1 para 3.80 – e outro vindo de um passado de repulsa popular no Rio de Janeiro, onde foi governante e não mais conseguia se eleger para a Câmara.
O Brasil, depois de 14 anos de PT – oito com Lula da Silva e seis com Dilma –, tinha sua infraestrutura sucateada, sem novos projetos, com mais de 12 milhões de desempregados, milhares de indústrias médias e pequenas fechadas, dezenas de milhares de estabelecimentos comerciais com suas atividades encerradas, orçamento comprometido com altos salários no setor público e prejuízo nas estatais, usadas politicamente e algumas com casos de corrupção. O crescimento da economia era negativo. O que salvou foi o agronegócio, por ser o Brasil hoje o segundo maior produtor de soja, o primeiro de carne bovina, avícola, suína, café, açúcar, suco de laranja e boa presença nas frutas da região irrigada do São Francisco, obra do regime militar, que permite duas safras por ano de uvas, mangas, abacaxi, kiwi, mamão e melão, embarcadas por avião para Europa e EUA. Apesar de invasões de terra toleradas pelo governo e da destruição por militantes de esquerda do mais importante laboratório de pesquisa agrícola do país, no sul.
Este ano encontra um quadro melhor, depois do crescimento de 1% e a previsão de dobrar, da criação de um milhão de empregos, com a expectativa de triplicar, e da reforma da Previdência Social, que deu credibilidade às contas públicas em curto e médio prazos. Além dos juros mais baixos da história, incidentes sobre a dívida pública, que encerrou o ano em 4,5%, igual a de muitos países europeus.
O presidente peca por falar demais, brigar muito e fugir à liturgia do cargo, mas acerta na política econômica e nas diretrizes simples, mas importantes. Por exemplo, não iniciou nem uma obra pública, mas entregou centenas de quilômetros de estradas que estavam em péssimo estado. E mais: liberou obras ferroviárias importantes por concessão ao setor privado e viu expandir a geração de energia eólica e solar, apesar de equívocos na tributação a serem corrigidos pela agência reguladora, ainda sob forte infiltração de técnicos oriundos do PT, com pensamento mais à esquerda.
A base de apoio forte ainda é a opinião pública, embora tenha sido natural uma queda ao longo do ano passado. Os pontos fracos do governo foram a falta de articulação política e de um programa de comunicação social mais hábil e menos agressivo, que, de certo modo, prejudicam a área econômica, muito dependente do investimento externo. O Brasil tem uma taxa de poupança inferior a 20% e precisa ter, pelo menos, 25%. E, mesmo assim, precisando do reforço internacional.
Essa falta de articulação política e de comunicação tem permitido estar sob intensa crítica da mídia interna e internacional. E, o que é inacreditável, não provoca nenhuma reação oficial, senão agredir os críticos, no lugar de esclarecer os pontos em que as versões não espelham a realidade. As redes sociais, que acolhem apoiadores do presidente, não são suficientes para a imagem melhorar, especialmente nas camadas mais cultas da sociedade e da mídia internacional.
No entanto, a correção no trato dos recursos públicos também colabora para o apoio de uma sociedade indignada com a corrupção. O único ataque ao governo é, na verdade, a um filho do presidente, senador Flávio Bolsonaro, cujo um assessor, no mandato de deputado estadual, antes, portanto da eleição do pai, receberia parte dos salários de auxiliares para uma “caixinha de gabinete”, supostamente para atender a pedidos de eleitores com remédios e passagens de autocarros para o interior, em montante absolutamente ridículo, pois não chegariam a cem mil euros em quatro anos. Enfim, a prática conhecida por “rachadinha” envolve mais da metade do Legislativo do Rio, 40 parlamentares, mas o filho do presidente é que está nas manchetes, apesar de ser um dos que menos valor teria obtido dos auxiliares. Já um dos filhos de Lula, que ficou milionário, aparece em denúncias de mais de meia centena de milhões de euros.
Assim é a política, desvirtuada pela ideologia de políticos e da mídia.