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Na literatura, como na música e nas artes, não são poucos os brasileiros e portugueses que estão presentes nos dois países, colaborando com a integração cultural. Alguns até sem atravessar o Atlântico, como no caso de Eça de Queirós, até hoje muito lido e relido no Brasil, onde nunca esteve, embora presente na imprensa, como nos anos de Gazeta de Notícias.
No entanto, a figura mais importante, entre brasileiros, é, sem dúvida, a de Gilberto Freyre, o antropólogo maior do Brasil, personalidade fascinante. Ele visitou Portugal pela primeira vez em 1922 e voltou em 1930, na qualidade de exilado, tendo feito memorável viagem a convite do governo português, em 1952, aos estados ultramarinos.
Freyre tem dois livros dedicados às relações dos dois países e os relatos da viagem são preciosos. Ainda entendeu a importância para o Ocidente da presença portuguesa na África, que poderia ter gerado outros “brasis” no lugar do abandono daquelas populações à violência e à corrupção. Foi em Portugal que Gilberto começou a escrever o seu monumental Casa Grande e Senzala, nos anos trinta. Quando deputado federal, foi pioneiro na defesa dos direitos de igualdade entre brasileiros e portugueses. E foi o criador do luso-tropicalismo, que precisa ser lembrado.
O fascínio de Portugal entre os homens dedicados à cultura sempre foi relevante. O embaixador Heitor Lira, grande historiador e biógrafo do Imperador Pedro II, serviu em Lisboa, que teve como embaixadores ainda o acadêmico e africanista Alberto Costa e Silva, Dario Castro Alves, casado com a nossa Dinah Silveira de Queirós e profundo conhecedor da obra de Eça de Queirós, e o primeiro-ministro da Cultura do Brasil, criador da CPLP, José Aparecido de Oliveira. Cônsul-geral no Porto foi Afonso Arinos Sobrinho Neto, também membro da Academia Brasileira.
Dois poetas portugueses de relevância também foram cônsules no Rio, no início do século passado. Um deles foi Alberto d’Oliveira, figura marcante, que ajudou a fundar a Câmara de Comércio Brasil-Portugal e era respeitado e admirado na então imensa colônia de portugueses,membro correspondente da Academia Brasileira .Mais de 60 anosanos depois. Outro poeta ,Luís de Castro Mendes, atual ministro da Cultura de Portugal.
Viveu no Brasil o notável Tomás Ribeiro Colaço, cuja mulher Madeleine, se tornou tapeceira de prestígio, de talento herdado pela filha Concessa .Jaime Cortesão foi outro frequente no Brasil. Foi adido cultural e de imprensa da Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, nos anos 60, o intelectual Domingos Mascarenhas, que gozou de grande prestígio no meio intelectual brasileiro. Mias tarde, seus filhos fixaram residência no Brasil e seus netos José e Alessandra vieram a ser diretores do tradicional jornal carioca O Dia.
Hoje, ao passar pelas livrarias lisboetas ou cariocas, é comum encontrar muitos autores de língua portuguesa. Mia Couto, José Eduardo Agualusa, José Saramago, Miguel Sousa Tavares estão em todas. Assim como Chico Buarque, Jorge Amado, Rachel de Queiroz, Paulo Coelho e muitos outros.
Por fim, mas não menos importante, o recente embaixador de Portugal em Brasília, Francisco Seixas da Costa, é o intelectual “Premium” da atualidade portuguesa, na crônica, que não deixa de ser uma versão moderna das “Farpas”.