Os presidentes e personalidades, em geral, acabam entrando no imaginário popular, e até mesmo na história, por algumas marcas de temperamento e personalidade. Por exemplo, o nosso bom D. João VI, estadista que fundou o Brasil como Nação, ficou mais conhecido pelo amor a coxas de galinha e sua obesidade. O filho Pedro I, pelos casos amorosos e quantidade de filhos assumidos. D. Pedro II, como homem ameno e pela curiosidade intelectual. A Princesa Isabel, pela religiosidade.
Na República, as especulações começaram pela própria proclamação, que teria ocorrido mais pela disputa por uma mulher entre o Marechal Deodoro e o primeiro-ministro indicado Silveira Martins do que pela troca de regime. Marechal Floriano e Prudente de Morais ficaram mais conhecidos por terem deixado o Palácio do Catete a pé, depois de passarem a Presidência da República a seus sucessores.
Uma frase marcou Washington Luís: “Governar é abrir estradas”. Já o deputado mineiro Antonio Carlos de Andrada, presidente da Câmara, na época vice, passou a história como “presidente”, mas ficou cerca de uma semana no Catete, quando da única viagem de Getúlio Vargas à Argentina e ao Uruguai. Este último, aliás, foi o melhor atendido, uma vez que foi mais referido pelo amor ao poder e aos charutos que sabia apreciar. A tal ponto que Cuba, para agradá-lo, criou um com o seu nome, honra depois dedicada ao primeiro-ministro Winston Churchill, da Inglaterra.
JK ficou conhecido como pé de valsa e conquistador; Jânio, pelo gosto pelas bebidas, em especial o uísque; Jango, pela facilidade com que sofria influências nem sempre compatíveis com o seu temperamento bonachão.
Entre os militares, Castelo Branco ficou marcado pela austeridade; Costa e Silva, pelo gosto pelas corridas de cavalo; Emílio Médici, como torcedor de futebol e apreciador de um bom churrasco. Já Geisel ficou famoso por ser um homem fechado e de poucos amigos e Figueiredo, pelo amor aos cavalos e a falta de paciência com os jornalistas.
Depois, Sarney ganhou fama pela fraqueza (o que o tempo demonstrou ser uma injustiça); Collor, pela impetuosidade; Itamar, pela imprevisibilidade; FHC, pelo olhar de paisagem; Lula, pela facilidade em brigar com as evidências; Dilma, pelas gafes em pronunciamentos; e Temer, pelo fenômeno de um bom programa econômico ser abafado pela má qualidade da equipe que o cerca.
As marcas nem sempre correspondem à realidade, mas ficam na memória nacional. Só muito depois, a história se encarrega de corrigir , como tem sido o caso de D João VI .