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A região do Vale da Boa Esperança e Vale do Cuiabá começou a ganhar relevo no final dos anos 1940, tendo como seus principais proprietários os empresários Argemiro Machado e o ministro Salgado Filho. O primeiro, que tinha a fazenda Santo Antônio, pai do arquiteto Paulo Hungria Machado, lançou o Vale da Boa Esperança e o segundo, que tinha uma área considerável, vendeu parte para o advogado e empresário João Pedro Gouvêa Vieira, que chegou a ser suplente de senador no Estado do Rio de Janeiro. Outro proprietário importante naqueles anos foi o construtor e industrial Julio Capua, aficionado dos cavalos de corrida, que fez ali seu haras. A área dos Gouvêa Vieira foi preservada e ali estão as casas dos herdeiros do fundador, que adquiriu a área de Salgado Filho.
Hoje, a região vive um novo momento de progresso, com dois empreendimentos em parte do que foi a Fazenda Santo Antônio, com lotes grandes, e a cuidadosa remodelação da Santo Antônio, cuja sede foi adquirida pelo empresário Carlos Augusto Montenegro.
O Vale tem, entre os seus moradores, uma elite tradicional do Rio, que garante sua sofisticação e recato, perfil de sua segunda fase, já na subida da estrada para Teresópolis. Ali, um pouco acima, havia a “Fazendinha”, do deputado Rubens Berardo, empresário que foi dono da Rádio e TV Continental.
Petrópolis, nos seus distritos, vem se modernizando e mantendo o padrão de bom gosto e qualidade. O empreendimento nos terrenos onde ficava a casa da Sra. Odete Monteiro, com jardins de Bule Max, sedia hoje, na casa principal, uma pousada de alto luxo e um restaurante de categoria internacional. Ali estão sendo vendidas casas com os serviços da hotelaria, algo parecido com o que já ocorre no condomínio anexo ao Locanda de la Mimosa, nas margens da BR-040, altura do Km 70. A Quinta do Lago criação vitoriosa de João Carlos de Almeida Braga, um dos grandes senhores da sociedade carioca, com o auxílio do correto arquiteto Pedro Quintanilha, é um empreendimento consolidado e com cerca de três centenas de unidades habitacionais, entre apartamentos, chalés, casas em aldeamento e independentes.
A pandemia provocou uma redescoberta da região, hoje bem atendida por comércio e serviços de qualidade. Muitos estão ficando por terem encontrado uma qualidade de vida e segurança que anda faltando na capital.
A sociedade local precisa se unir, inclusive através de lideranças políticas identificadas com a região, para a preservação destas características, sob risco dos efeitos de administrações municipais irresponsáveis, cúmplices na ocupação irregular de áreas, gerando comunidades que acabam por abrigar a criminalidade. As margens da BR-040 justificariam, inclusive, um envolvimento da União na desocupação do leito do rio, que vem crescendo na altura de Itaipava e Pedro do Rio. Chocante a indiferença da prefeitura, DNITT e pessoas responsáveis. Desfigurar a região é desvalorizar imóveis, provocar um esvaziamento de graves consequências sociais e econômicas, pois a economia e o emprego dependem dos moradores fixos ou ocasionais.
Publicado em : Diário de Petropolis