O senador Romário, no segundo mandato, vem tendo atuação positiva, tendo feito por merecer a reeleição, fato pouco comum nas disputas para o Senado, especialmente quando há só uma vaga. No Rio mesmo, desde 46, foram reeleitos apenas Gilberto Marinho (55 a 71) e Nelson Carneiro (71-94).
Agora o senador, que é homem educado e equilibrado, tem sido alvo de críticas grosseiras pela sua declaração de voto na eleição municipal do Rio na reeleição do prefeito Eduardo Paes.
Embora da bancada do Partido Liberal, quando disputava a reeleição em 2022, o senador foi alvo de inacreditável traição e falta de ética por parte do então presidente Bolsonaro, que disputava a reeleição no mesmo pleito, do mesmo partido. Bolsonaro, em entrevista à televisão na manhã do dia da eleição, quando saía da mesa eleitoral onde votou, declarou que havia votado para o Senado no candidato do PTB, o deputado cassado Daniel Silveira.
Elegante, na ocasião, Romário não comentou a atitude chocante pelo ponto de vista moral e ético, reeleito que foi com folga. Deve ter sentido muito a deslealdade sofrida, pois no mandato do então presidente nunca faltou com seu apoio às boas iniciativas.
O episódio se soma ao despreparo do ex-presidente, que não soube entender a oportunidade que o destino lhe ofereceu de ser respeitado, inclusive pelo bom governo e a folha corrida de seu oponente, reiterando o comportamento inadequado que o derrotou. O resultado revela seu tamanho como homem público.
Claro que o senador se considera liberado para votar com sua consciência e não seguir o candidato que o partido improvisou, sem tradição política na cidade e tendo apenas como credencial a prestação de serviços à controvertida família envolvida em diferentes trapalhadas, como rachadinhas, negócios imobiliários discutíveis, presentes assumidos sem explicação, atestados irregulares de vacinação e até o abandono do cargo em avião da FAB, indo para o exterior sem licença do Congresso, como reza a Constituição, além da conivência óbvia com a ingenuidade de partidários acampados para defender solução extralegal do pleito, que desembocou nos tristes acontecimentos do dia 8 de janeiro.
Destruiu por omissão a vida de centenas de famílias atingidas pela barbaridade de penas rigorosas a seus membros iludidos pelos delírios propagados pelo núcleo duro e de baixa qualidade do então presidente.
O senador Romário certamente fez a melhor opção e em linha com a maioria de seus eleitores
Publicado em: jornal Correio da Manhã 27/09/24