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A cirurgia plástica no Brasil ainda é referência mundial. Nascida nos EUA, ganhou dimensão quando surgiu o ‘Pelé da cirurgia plástica’, o brasileiro Ivo Pitanguy, sucesso nos EUA, onde estudou e chegou a operar por muitos anos. Fez estudos na França, em Paris. Mas o talento de artista era dele. Seu título de rei da cirurgia cosmética, reparadora, nunca foi contestado.
Mas foi a partir do Rio de Janeiro que passou a atrair clientela internacional, de famosos como Sophia Loren e Niki Lauda – na reparação do acidente com queimaduras – que o levou a fundar uma clínica própria, com 15 quartos, e formar uma equipe de excelência. A escritora Clarice Lispector foi outra que, tendo sofrido grave acidente, foi recuperada pelo grande cirurgião, assim como Marisa Berenson e Gina Lollobrigida. Farah Diba e Jacqueline Kennedy, entre as celebridades que passaram pelo seu bisturi.
Foi na Santa Casa do Rio que revelou sua personalidade generosa, atendendo aos mais carentes e formando jovens cirurgiões, o que o levou a fundar o Instituto Ivo Pitanguy, para a formação destes profissionais. Mais de dois mil passaram pelos cursos ministrados pelo mestre. Com alunos de mais de 40 países, ele os reunia todos os anos, cada vez numa cidade. Em 2012, quatro anos antes de morrer, a reunião foi em Lisboa, no Pestana Palace. Deu longa entrevista ao semanário Expresso.
Ivo Pitanguy foi homem de cultura e gosto pelas artes e os livros. Escreveu mais de cem livros, prefácios e ensaios publicados no Brasil e no exterior. Foi eleito para a Academia Brasileira, onde já tinham estado médicos relevantes como Oswaldo Cruz e Miguel Couto. Foi saudado por Carlos Chagas Filho, cientista que representou o Brasil na Unesco muitos anos. Foi presidente do Museu de Arte Moderna do Rio e na sua pinacoteca, além do que existe de melhor no Brasil, tinha um Picasso e um Salvador Dalí, este com dedicatória.
Homem que tinha o gosto pelo convívio social, era dono de uma ilha em Angra dos Reis, onde recebia amigos e celebridades. Frequentava grupos da alta sociedade em Portugal, França e Espanha, além dos EUA, onde tinha também ligações profissionais.
Todos os maiores e mais conhecidos da atualidade tiveram uma passagem pela clínica ou pela Enfermaria 38 da Santa Casa. Carlos Fernando Gomes de Almeida, Paulo Müller, Paulo Leal e Zeca Furtado são alguns destes. Agora a clínica e o Instituto deixaram de existir sendo alvo de disputa entre os herdeiros, filhos, e os sucessores pelo uso do nome Ivo Pitanguy.
Um gênio do século XX e um dos três ou quatro brasileiros que galgaram fama e respeito internacional.
O Brasil talvez seja o país com a maior rede de hospitais privados de alta tecnologia e hotelaria superior tanto no Rio como em São Paulo. Belo Horizonte e Porto Alegre também possuem unidades privadas de altíssima qualidade. O custeio é facilitado por mais de cinquenta milhões de atendidos nos diferentes planos e seguros de saúde. E a cirurgia reparadora, plástica, atende ao mercado internacional.
Publicado em: Jornal O Diabo.pt 25/05/24