Consolida-se entre aqueles que conhecem um pouco de nossa história a percepção de que o Brasil viveu seus melhores momentos entre 1815, quando elevado a Reino Unido, e 1889, quando um momento infeliz derrubou a monarquia e aquele que não se duvida ter sido o maior dos brasileiros, D. Pedro II.
Um passeio pela história revela a qualidade dos homens públicos na monarquia como Duque de Caxias, Marques de Tamandaré, Marques do Herval, Marquês do Paraná, Visconde do Rio Branco e seu filho Barão do Rio Branco, entre outros, a competência dos empresários rurais e empreendedores relevantes, como Barão de Vassouras e D Veridiana, no café e na indústria em que o Barão de Mauá foi o nome maior. E a presença de uma atividade cultural respeitada e rica. Tivemos o maior período de absoluta liberdade de imprensa.
O prestígio internacional não se baseava apenas na personalidade de nossos estadistas como D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, mas nas sólidas relações comerciais e culturais com os países mais adiantados. As viagens de Pedro II foram marcadas pelos encontros de alto nível com governantes, intelectuais, cientistas e permitiram muito progresso naqueles anos. A viagem às nações germânicas que vieram a formar e Alemanha, por exemplo, merece ser conhecida e tem boa obra de autoria de D. Carlos Saxe-Coburgo, seu ilustre descendente.
Lembrar agora a qualidade de nossos governantes, homens públicos e notáveis, é relevante para atenuar a baixa autoestima dos brasileiros pelo desastre no comportamento do atual e do ex-presidente. Não merecemos esta perda de qualidade no trato dos assuntos públicos.
Em algum momento erramos, mas a sociedade ainda tem valores para promover e sustentar uma virada para a ordem e o progresso que a República prometeu, mas não proporcionou.
Não só a classe política tem valores a serem melhor aproveitados, mas surgem em outras áreas uma nova geração sólida e preparada. Exemplo maior do respeito e admiração das forças vivas da nacionalidade é o competente, corajoso e patriota Roberto Campos Neto. Nos colocaria num patamar da mais alta qualidade. Ainda temos quadros de excelência nas Forças Armadas e entre os diplomatas. E o povo hoje sabe identificar o quem é quem.
Tanto quanto à tragédia gaúcha é a inundação de erros na gestão do país, nos colocando em risco institucional, econômico e social. Falta de nível em tudo quanto é lado. Consola lembrar que do fundo do abismo não se passa.
Publicado em: jornal O Dia 19/08/24