Getting your Trinity Audio player ready...
|
Vale a pena se recordar e informar aos mais jovens da alta qualidade dos homens públicos do Rio de Janeiro, quando capital da República e depois nos 14 anos de Estado da Guanabara. A fusão foi, entre muitos, um equívoco de Geisel, único presidente do período militar que não fez a Revolução de 64; foi escolhido em homenagem ao irmão, General Orlando Geisel, este sim um homem de 64, que doente não pode suceder ao Presidente Medici.
Naqueles anos, dois governadores de posições políticas divergentes realizaram excelentes administrações com equipes de altíssima qualidade em todos os sentidos.
Carlos Lacerda, eleito em 1960, formou um governo com personalidades da vida nacional. Na Educação, o professor Flexa Ribeiro, depois deputado federal; na Saúde, Raimundo de Britto, o emblemático diretor do Hospital dos Servidores do Estado e deputado estadual; nas Obras Públicas, o engenheiro Enaldo Cravo Peixoto; na Casa Civil, Marcelo Garcia e José Zoberan Filho; na Segurança Pública, o Coronel Gustavo Borges; e no Turismo, o empresário Victor Bouças. Um timaço, como podem ver. Na Assembleia, elegeu uma bancada lacerdista de jovens que vieram a ter grande sucesso, com Nina Ribeiro, Célio Borja,Álvaro Vale.
Negrão de Lima, notável estadista e diplomata, que já havia sido prefeito do Distrito Federal, chanceler e ministro da Justiça, formou uma equipe inesquecível, com Carlos Costa, Alberto Cotrim Neto, Hildebrando Monteiro Marinho, Paula Soares, Antônio Vieira de Melo, Humberto Braga, Carlos Alberto Vieira e João de Lima Pádua. Negrão soube se relacionar com três presidentes – Castelo Branco, Costa e Silva e Médici –, apesar de ter sido eleito pela oposição. O Rio não existiria sem Negrão, que alargou a Avenida Atlântica e as areias de Copacabana, construiu os acessos à Barra da Tijuca, completou a obra do Guandu iniciada por Lacerda, removeu as favelas do entorno da Lagoa, como Catacumba, Piraquê, Ilha das Dragas e Pedra do Baiano, construindo quase 30 mil casas populares financiadas pelo BNH. Também teve na Assembleia notáveis como Sousa Marques, Yara Vargas, Augusto Amaral Peixoto e Frota Aguiar. Um gigante!
Depois a qualidade foi caindo infelizmente.
Publicado em: JORNAL CORREIO DA MANHÃ 17/07/25