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As forças vivas da Nação, as elites e classes médias, quando não de esquerda, admitem de alguma forma as qualidades do governo atual. A maioria dos grandes empresários e profissionais liberais reconhece muitos feitos nestes três anos e meio de governo Bolsonaro.
A economia enfrentou bem a pandemia e a guerra na Ucrânia, com paz social e ambiente mais receptivo ao investimento, apesar da ausência das reformas mas com avanços na segurança pública e desmontagem do tráfico de drogas. Nunca se apreendeu tanto.
Alguns setores possuem reconhecimento internacional, como o agronegócio, fruto da competência da então ministra Teresa Cristina e da paz no campo. A indústria tem perdido produtividade e competitividade, é verdade. Mas a recuperação da Petrobras, que esteve tecnicamente falida, com a maior dívida empresarial do mundo, é outro fator positivo, apesar das tentativas infantis do presidente de interferir no preço dos combustíveis, brigando com o livre mercado. A vacinação é reconhecida como das melhores do mundo, a despeito das desnecessárias ironias e do negacionismo do presidente. No lado político, mal ou bem, o governo vem obtendo do Parlamento o que deseja.
No entanto, o presidente patina nas pesquisas, apesar do robusto apoio popular que desfruta, dos maiores (se não o maior) da República. Mas, claro, é insuficiente para obter a metade mais um dos 156 milhões de eleitores que podem comparecer ao pleito dia 2 de outubro.
Um caso estranho de teimosia a do presidente. Não precisava se envolver nas avaliações sanitárias do combate à pandemia nem alardear que não se vacinou, muito menos ter trocado de ministros até colocar obedientes e pouco preparados titulares.
No mais, dedicou-se a palpitar e reclamar dos preços dos combustíveis, que é um drama da economia mundial e o Brasil nem está entre os de preços mais altos ao consumidor. O mercado é o mercado, vale para o minério e a soja que exportamos como para o petróleo que importamos.
No embate com um Judiciário aparelhado ideologicamente, caiu nas provocações e foi se isolando e perdendo força. Governar pede paciência, habilidade, tolerância.
Agora mesmo, essa reunião dos embaixadores não deu para entender qual benefício de gerar nova polêmica. E parece que muitos próximos aliados não apoiaram a iniciativa. Dia 7 de setembro pode repetir o erro de Collor em 91.
O presidente representa o único capaz de evitar a caminhada do Brasil, que é a metade do PIB latino-americano, na direção de regimes pouco democráticos e desastrosos como os nos países que têm votado à esquerda. Todos sabem o que está acontecendo na Venezuela, Nicarágua, Argentina, Chile, Peru e agora Colômbia. E é o que de pior virá.
O presidente precisa ser mais comedido, ficar nos seus feitos inquestionáveis e não numa discussão estéril, polêmica e que só o desgasta como a das urnas Afinal elas estão aí e nunca se constatou fraudes e ele fez, com os filhos, carreira sem reclamar . E, claro, não ouvir bajuladores e se cercar melhor. Na verdade um Presidente não precisa ter este grau de insegurança, por mais modesta que seja sua origem social e cultural.
Publicado em : Jornal Correio da Manhã 27/07/22