A presença na história das mulheres em Minas Gerais vem de longe. Desde a Inconfidência, com Marília de Dirceu – Maria Dorotéia Joaquina de Freitas –, Bárbara Heliodora, Hipólita Teixeira de Melo, a matriarca ruralista de referência, D. Joaquina de Pompeu, que deixou impressionante descendência pela qualidade de seus membros, a primeira senadora por Minas, Junia Marise, até a presidente Dilma Roussef.
A profundidade dessa presença, por vocação e dedicação, vai ao interior, onde mulheres relevantes, de formação superior e abastadas abraçam a política para servir às comunidades por idealismo e solidariedade social. Além das que fazem política, como Elisa Araújo, prefeita reeleita de Uberaba.
Um dos exemplos no sul de Minas foi Hilda Borges de Andrade, casada com o ex-deputado Maurício Andrade e mãe do ex-presidente da Andrade Gutierrez, Eduardo Andrade que se dedicou a administrar Arcos, onde vivia. Na região central, em Carmo da Mata, assumiu a prefeitura Mônica Borges, de tradicional família da região.
Mônica assumiu logo após a cidade ser alvo de verdadeira catástrofe pelas chuvas na semana do Natal. Com isso, cancelou festividades referentes à posse e, antes mesmo de assumir, já estava nas ruas ajudando os atingidos pelas águas. O discurso de posse é o retrato da política mineira, com o tempero feminino. Mônica conclamou a união de todos pelo município, afirmou que não seria candidata à reeleição, mas queria entregar uma nova cidade.
Carmo da Mata abriga o mais importante museu de carros antigos do Brasil, e de relógios, o que já a inclui no roteiro turístico nacional e até internacional. Os cem automóveis fabricados entre 1910 e 1960 formam um acervo admirável. A cidade tem propriedades agrícolas produtivas e uma elite empresarial atenta. Rúbio Fernal, marido da prefeita, é um engenheiro descendente de tradicional família mineira de Oliveira, cidade vizinha. É bisneto de Cícero Ferreira, o pai da medicina em Minas, criador da primeira escola de medicina e de pelo menos dois hospitais em BH. A família tem outros destaques como Hilda, mulher que marcou seu tempo.
Mesmo fora da política, sobrevivem em Minas matriarcas no comando de famílias atuantes em diferentes áreas. Assim é que até hoje presente em seus negócios do ramo da alimentação está Pichita Lanna, filha de Ponte Novas e, com filhos relevantes no setor, no Rio, a matriarca Marielza Lima, viúva de Bernardino de Lima, nora do ex-prefeito João Franzen de Lima, e mãe de cinco mulheres de peso – Thaís, Andrea, Elza, Ester e Renata, que moram no Rio sem esquecer Minas. Renata está casada com outro neto de prefeito de BH, o intelectual Eduardo Giannetti, neto do prefeito Américo Gianetti e membro da ABL.
Essas mulheres mantêm a tradição do que existe de melhor na formação do povo das Minas Gerais.
Publicado em: jornal Hoje em Dia 21/01/25