Roberto Campos, o genial brasileiro, gostava de dizer que o Brasil não perdia uma oportunidade de perder oportunidades. E é o que tem acontecido desde as eleições de 22. A primeira oportunidade era reeleger um presidente, que, apesar de não saber se comportar e construir uma improvável derrota, colocou o país no rumo certo, pronto para dar um significativo salto no crescimento econômico com seus naturais reflexos sociais. Muita gente ficou em casa e o Lula da Silva voltou, e voltou pior.
O Brasil vinha de certo isolamento internacional com as bobagens de Bolsonaro. Lula quis ganhar prestígio e participar dos grandes acontecimentos da política mundial. Foi saudado como um herói, cercado de apoio inclusive da mídia mundial. Tem sido um desastre. Manifesta simpatias pela Rússia invasora e ainda quer ser mediador depois de ficar omisso na bárbara agressão. Conseguiu manifestar simpatias e tolerância com o Hamas, gerando mal estar com Israel, país ao qual o Brasil sempre foi ligado. Desagradou a comunidade israelita, que é expressiva em valores e até a importante comunidade libanesa, de orientação cristã. Tentou de todas as maneiras apoiar a farsa eleitoral na Venezuela e sempre contra os EUA, o mais tradicional aliado do Brasil.
Na economia, Lula faz declarações que se refletem no câmbio e na Bolsa. Assusta investidores estrangeiros. Pressiona para obter cargos nas duas maiores privatizações do Brasil, há mais de 20 anos, a Vale e a Eletrobras, ambas cotadas nas bolsas de Madrid e Nova Iorque. Promove aumento de impostos e inibe investidores nacionais e internacionais. Ou seja, outra oportunidade perdida para receber investimentos significativos. O Brasil tem a oferecer um mercado interno com 220 milhões de almas.
As despesas do setor público crescem, assim como o endividamento que se aproxima de 80% do PIB. A inflação ronda a economia. O ministro da Economia, Fernando Haddad, é respeitado, tem juízo, mas assusta o poupador. Agora fica repetindo que herança tem de ter altos impostos e diz que “não é justo que alguém que não fez nada herde apartamentos”. Marxismo puro. Os analistas e economistas social-democratas ficam inibidos de condenarem o que se passa, fazendo leves críticas. Mas a esquerda mais esclarecida já perde a cerimônia e aumenta o tom.
Antes, logo após a guerra, o Brasil dispunha de reservas e as gastou importando geladeiras, ar-condicionado e automóveis dos EUA.
Depois do regime militar apesar de tensões decorrentes da Constituinte, com influência de esquerda e alta inflação, o Presidente Sarney conseguiu fazer o país crescer. A eleição de Collor, que abriu a economia e começou a privatizar, foi a grande chance perdida quando se viu envolvido por casos de corrupção e foi derrubado. Itamar Franco criou o real e estabilizou a moeda, mas FHC apenas administrou a estabilidade em dois mandatos, mas com baixo crescimento. E entregou o país aos 14 anos de PT, com as duas eleições de Lula e uma de Dilma. Temer fez um ótimo governo, mas mal cercado foi envolvido em casos de corrupção e perdeu as condições de uma boa reeleição, abrindo caminho para a aventura- protesto que foi a eleição de Bolsonaro. Está a mais recente e grave oportunidade perdida, pois fez bom governo, com pandemia e tudo, mas sendo pessoalmente despreparado construiu a improvável derrota falando e fazendo bobagens .
Os pedidos de proteção judicial de empresas em dificuldades têm crescido. Nada é feito na área da educação para melhorar a mão de obra nacional. A juventude preparada vai para fora do país.
A falta de uma pauta séria, de uma oposição de qualidade, permite que a crise se aproxime perigosamente. A situação internacional também afasta o investidor avesso a riscos. Algo deve acontecer até o final do ano. Nenhuma vontade de diminuir o Estado, racionalizar impostos, combater a violência como deve de ser. E andar em péssimas companhias ……Não pode acabar bem!
Publicado em: JORNAL DIABO 24/08/24