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Neste 13 de maio em que se comemorou os 135 anos da abolição da escravatura no Brasil, as políticas do ressentimento, do ódio, da fraude na narrativa da história avançam na sórdida tentativa de se apagar da memória popular a figura da Princesa Isabel, filha de Pedro II e herdeira do trono brasileiro.
A Princesa Isabel é frequentemente apontada como “a maior das brasileiras” e abraçou desde logo a causa abolicionista. Assinou, em 1871 – quando Regente-, em uma das viagens do pai à Europa –, a Lei do Ventre Livre. Depois, outra vez na Regência, assinou a Lei Áurea, que pôs fim ao trabalho escravo, que na altura já era de menor expressão entre os negros. Mas mereceu seu trabalho no Parlamento, pois a representação política da época era maioritariamente do interior que usava do trabalho escravo na lavoura. No serviço da Família Imperial já não havia escravos no Rio nem em Petrópolis desde muito.
Há muito tramita na Arquidiocese do Rio de Janeiro processo que pede a beatificação da Princesa Isabel, católica fervorosa, que atende a alguns preceitos previstos na legislação canônica como feito heroico – a abolição – devoção popular, com devoções, presença na fé inquestionável e milagres. Estes têm relatos e a devoção confirma a crença popular em seu poder.
E atribuída a sua fé ter vencido dificuldades para procriar e ter tido filhos. Para o que pediu a Santa Isabel da Hungria e, atendida, mandou erguer em Caxambu uma igreja em honra da Rainha Santa da Hungria. Foi ali, numa fonte, que encontrou a fertilidade pedida.
Infelizmente, nestas décadas de esquerda petista no governo, o discurso oficial está mais afinado com movimentos negros de tendência esquerdista e que nega o valor da participação da Princesa Isabel na causa. Fruto da ignorância e do ódio, pois no Brasil Império houve títulos de nobreza para negros – Barão de Guaraciaba –, parlamentares e personalidades. O engenheiro André Rebouças, por exemplo, acompanhou o Imperador e sua família no exílio. O mundo jornalístico e o intelectual já registravam grande número de negros e mestiços.
O reconhecimento nacional à Princesa Isabel sempre esteve muito presente na sociedade brasileira. A imagem a ser erguida no Corcovado era inicialmente prevista para ser em homenagem a ela, que, ao saber, declinou. Também já no exílio, pediu a assinatura de brasileiros na petição ao Papa para tornar dogma a Assunção de Nossa Senhora e recebeu do Papa Leão XIII a importante comenda da Rosa de Ouro. Seus filhos, do casamento com o Conde d’Eu, Gastão de Orleans, foram educados na fé católica, assim como netos e hoje bisnetos. A Princesa Maria Gabriela, sua tataraneta, atualmente residente em Lisboa, é admirada intérprete de canções marianas e é a quarta na linha sucessória.
O silêncio de parte do clero na questão tem inspiração nos remanescentes da Teologia da Libertação, hoje com nova roupagem, mas as mesmas ideias e acolhidos no atual governo. Politizam a fé e procuram apagar a memória e a história.
Publicado em: Jornal O Diabo.pt 18/05/24