A Família Real Portuguesa e a Imperial brasileira até hoje estão entre as mais representativas do mundo monárquico europeu. A casa de Bragança mantém laços de sangue desde sempre com os Orleans de França, nos ramos dos dois países. Assim como outras casas relevantes na história do ocidente, como os Baviera, Saxe-Coburgo, Duas Sicílias, Bourbon. Nada escapou aos Bragança.
D. Pedro I do Brasil, e IV em Portugal, foi casado com Leopoldina, Arquiduquesa da Áustria, irmã de Maria Luiza de Napoleão. Viúvo, casou-se com Amélia Leuchtenberg, que era neta de Napoleão, que havia adotado o filho de Josefina seu pai.. Pedro II era casado com Teresa Cristina, de Duas Sicílias. E a irmã D. Maria II, rainha de Portugal, casada com Saxe-Coburgo-Gotha, a outra irmã, Januária, casada com Conde de Áquila, nascido Bourbon-Sicílias, Francisca, casada com Francisco de Orleans, príncipe de Joinville.
As duas filhas foram casadas com nobres. Izabel, a herdeira, com Gastão e Orleans, Conde d’Eu, e Leopoldina, com o Duque de Saxe, Saxe-Coburgo-Gotha. Os filhos de Izabel, Luiz, o herdeiro, foi casado com Maria Pia, Bourbon e Sicília, e os netos Pedro Henrique, com Maria da Baviera, e Maria Pia, com Conde Nicolay, cujo filho Louis Jean é hoje senador na França. A sucessão brasileira está com D. Bertrand, solteiro, seguido de D. Antônio, casado com a Princesa Cristine de Ligne, e sua irmã Eleonora, com o atual Príncipe de Ligne.
Leopoldina, a irmã mais moça, que morreu muito cedo, aos 23 anos, Duquesa de Saxe-Coburgo, teve dois filhos, Pedro Augusto e Augusto, este casado com uma Habsburgo-Toscana.
Pouco conhecida a história do Saxe-Coburgo Bragança, cujo chefe, Dom Carlos, hoje residente na Áustria. Dom Carlos viveu no Brasil, no Rio, onde estudou com os jesuítas e depois em São Paulo, onde foi dirigente do Centro das Indústrias.
Dom Carlos, um estudioso da História o Brasil e de sua família, lançou livro sobre o Príncipe Marinheiro, D. Augusto, que viveu uma das páginas mais constrangedoras do golpe republicano de 1889. Estava ele embarcado em navio da Marinha do Brasil, em viagem de instrução, no Ceilão – hoje Sri Lanka –, quando chegou notícias do golpe republicano e foi desligado da viagem. O fato indigno chocou à família e, por tal, muitos descendentes viveram fora do Brasil. Um de seus filhos serviu a Marinha do Brasil durante algum tempo. Curiosamente, a Marinha sempre foi simpática à monarquia, mas não escapou aos arroubos republicanos.
Outro fato registrado na obra de Dom Carlos Saxe-Coburgo se refere ao confisco da casa da Princesa Leopoldina, nas imediações do Palácio Imperial de São Cristóvão, que foi tomada pelo Estado dois anos depois e, em 1930, demolido, apesar do valor histórico e arquitetônico. A herança de D. Pedro e das filhas nunca foi resolvida a contento. O Palácio Guanabara, hoje sede do governo do Rio de Janeiro, foi adquirido pelo Conde d’Eu com recursos trazidos da França. O motivo pelo qual o Supremo
Tribunal arquivou o processo de reintegração de posse foi da prescrição, quando a família estava banida e, portanto, não tinha como reclamar. Na disputa dos netos de D. Leopoldina com os tios, o advogado foi Rui Barbosa.
Publicado em: Jornal O Diabo.pt 11/05/24