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Agora, em maio, será comemorado os 30 anos do casamento dos Duques de Bragança, D. Duarte Pio, herdeiro do trono português, e Isabel de Herédia, de tradicional família aristocrática. O casamento, em 1995, foi um acontecimento relevante em Portugal, tendo chamado a atenção para a força da presença da dinastia Bragança na alma dos portugueses. Afinal, os grandes feitos nos cinco continentes, a relevância de Portugal na construção do mundo ocidental e cristão como temos foram todos sob a tutela das rainhas e reis desta família.
Na ocasião do casamento, realizado no altar do Mosteiro dos Jerónimos, não só teve a presença da alta nobreza europeia, portuguesa e brasileira, como contou com a presença do próprio presidente da República, Dr. Mário Soares, e do primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva. Foram credenciados cerca de 200 jornalistas e as revistas europeias registaram o evento com destaque. A presença popular foi significativa e as televisões dedicaram grandes espaços ao ato presidido pelo Cardeal D. António Ribeiro.
Quase 30 anos depois, o casamento da Infanta Maria Francisca, em Mafra, com o sr. Duarte Martins, surpreendeu pela repercussão nas mídias e a presença popular diante do monumental convento onde se realizou a cerimônia. Outra vez foram centenas de relevantes membros da nobreza europeia a marcar presença e os espaços nas mídias foram significativos. A Infanta, Duquesa de Coimbra, herdou o carisma da mãe e fez servir à pequena multidão imenso bolo, no que se fez acompanhar do marido e do pai.
A duquesa de Bragança, D Isabel,goza de imenso reconhecimento pela simplicidade e discrição com que atua em movimentos sociais, especialmente aqueles voltados para a infância.
Não se pode negar diante de fato inquestionável que é o encanto que a monarquia ainda exerce entre os portugueses, especialmente nos mais simples, o significado político disso. Há 75 anos, o funeral da Rainha Amélia, que veio de França para São Vicente de Fora, foi o de maior presença popular do século. O cerimonial foi repetido quando da morte de Mário Soares, mas sem a presença popular parecida com àquela que parou Lisboa.
Estranho, entretanto, que, embora as monarquias europeias estejam consolidadas, respeitadas e sem contestação, em Portugal o assunto não é ventilado nos meios políticos e nas mídias. O que pode acontecer de forma até surpreendente em meio a essas crises que se repetem na República e despertam a decepção dos portugueses com seus governantes.
A monarquia, hoje representada pelos atuais duques de Bragança e seus exemplares filhos d.Afonso, Príncipe da Beira,e Dinis, Duque do Porto, além da Duquesa de Coimbra, se não está na pauta política, parece estar na memória e no coração de muitos portugueses. No Brasil, a opção monárquica constou de plebiscito em1993 e, mesmo sem movimento organizado, a aceitação foi razoável. Hoje não seria surpresa uma presença forte, visto que há meses, quando do falecimento de D. Antônio Orleans e Bragança, segundo na linha sucessória, também surpreendeu a grande repercussão em todo o país. Os Bragança perderam o Império, mas não o amor e reconhecimento dos brasileiros.
Mesmo nas repúblicas, como França, Alemanha e Itália, os títulos são respeitados e a monarquia, de repente, pode ressurgir pelos titulados, não raro, serem ainda alvo de manifestações de apreço da sociedade.
A causa monárquica não tem donos nem partidos. Está acima de tudo por ser ligada à história, à cultura e aos valores da nacionalidade. A sociedade como um todo ganha um símbolo da pátria, de baixo custo e favorece a retomada de características na formação ética, moral e religiosa do povo português.
Programar incluir consulta à população sobre o regime seria homenagear a memória daqueles que pelos séculos fizeram a história de Portugal e a um visível sentimento do povo.
Publicado em : Jornal Diabo.pt 22/03/25