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Duas revoluções marcaram o Brasil e Portugal no século passado. A de 64, no Brasil, conservadora e de direita, e o 25 de Abril, em Portugal, assumida pela esquerda em 1974. A narrativa é a mesma, procurando desinformar as novas gerações.
No Brasil, não foi um golpe de estado nem uma “quartelada”, como registra o noticiário insistentemente. Foi a união do governador de Minas, Magalhães Pinto, eleito diretamente e político relevante, com as guarnições militares no estado, com o comando de dois generais, Mourão e Guedes. Promoveram o levante com forte respaldo popular, na mídia em geral e nas classes produtoras. Visava conter a escalada de esquerda com forte influência da URSS via Cuba.
Em 24 horas, tiveram o apoio dos principais governantes regionais, de São Paulo, Paraná, Rio Grande do e Guanabara, e dos militares das três Armas. Deposto o presidente, foi convocada eleição indireta e o Parlamento elegeu o marechal Castelo Branco, com a presença de ilustres políticos ligados ao governo deposto e outros que vieram formar na linha de frente, mais adiante, do regime. Os EUA reconheceram no mesmo dia a nova situação.
Os que vieram a resistir ao regime autoritário, que retirou o Brasil da 46ª posição na economia global para a oitava em 20 anos, tinham duas vertentes. A primeira era a dos liberais, como Tancredo Neves, Franco Montoro, eleitos depois para os governos de Minas e São Paulo, e boa parte dos parlamentares. E a segunda, dos mais à esquerda, ligados ao movimento comunista internacional, que optaram pela luta armada, atos de terror, sequestros e atentados com mortes. Estes não queriam derrubar o regime autoritário para restabelecer a democracia liberal, e sim implantar a ditadura do proletariado sob inspiração cubana. Alguns de seus membros já esclareceram a questão.
Fernando Gabeira, jornalista que foi um dos responsáveis pelo sequestro do embaixador Elbrick, dos EUA, que com a anistia voltou ao Brasil e foi eleito deputado mais de uma vez, colocou o pingo nos ‘is’ e confirmou que o projeto era a ditadura do proletariado. O mesmo disse Alfredo Sirkis, participante do sequestro do embaixador da Suíça em seu livro “Os Carbonários” e mais o líder histórico dos comunistas, Jacob Gorender, em “Combate nas Trevas”. Eram contra o regime militar, mas não eram pela democracia.
Agora são todos democratas, ninguém sequestrou, nem matou, mas foram vítimas da repressão. Alguns ganharam muito dinheiro com talento e exploração ideológica, como o compositor Chico Buarque, hoje dividindo seu tempo entre Rio e Paris, e boa parte da alta cúpula do PT está instalada no governo Lula. Muitos moraram em Cuba ou mesmo na Rússia. Como na História a farsa se repete, a grande maioria “resistiu” nos bares do Rio e bem pagos nas redações dos jornais, da mesma forma que Sartre e Picasso o fizeram no Café Flore, em Paris, aos nazis durante a ocupação. O museu Picasso, também em Paris, tem salas sobre obras na cidade francesa nos anos da ocupação.
Com a Internet e o acesso a informações, Lula da Silva, que é pós-64, teve a sabedoria de não promover grandes explorações nos 60 anos da revolução brasileira. Mas quer distribuir mais favores em dinheiro aos que praticaram atos de violência. A família de um modesto soldado morto em atentado na ocasião ganhou menos de 5% do que a dos assassinos.
A PIDE prendeu muita gente, maioria de militantes de oposição. Excessos dos regimes fortes. Mas o 25 de Abril prendeu e soltou sem explicações empresários, comerciantes, profissionais liberais, sem atividade política. Também invadiu e arruinou empresas, afastando proprietários e administradores. Casas foram confiscadas para “creches” e os bens, saqueados. Mais de 20 mil famílias tiveram de abandonar o país – o Brasil recebeu mais de dez mil. Fácil conferir.
Comemorou-se o quê?
O PSD é herdeiro da banda ingênua do 25 de Abril. Democratas iludidos com o movimento e que foram logo desalojados e muitos tiveram também de deixar o país. Insistem em condenar a direita, que o tempo demonstrou, no mundo, que dos males sempre foi o menor. Caso a Aliança Democrática fosse mesmo uma aliança, teria incorporado o CHEGA e o IL, fazendo a maior bancada no Parlamento português e na representação no Parlamento Europeu .
Conclui-se que nos dois lados do Atlântico não se faz mais políticos como antigamente.
Publicado em: Jornal Diabo.pt 15/06/24