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Eu era muito jovem, não tinha 18 anos, quando tive a oportunidade de conhecer e de conviver com a maioria do Supremo Tribunal Federal – época em que Brasília era ainda uma cidade inacabada. Foi nas férias de 1961.
em janeiro, quando JK passou a faixa presidencial para Jânio Quadros. Depois, em julho do mesmo ano, sempre convidado de meu amigo Nelson Motta, cujo avô, Cândido Motta Filho, era ministro do Supremo, um admirável brasileiro, que já havia sido ministro da Educação e era da Academia Brasileira. D. Elza, sua mulher, era boa dona de casa e tinha prazer em reunir os colegas do marido, muitos ainda sem família na capital.
Formei ali a convicção de que o Supremo era efetivamente o Supremo, uma escolha dos melhores entre os melhores, e no conjunto da obra. Ou seja, de notável saber jurídico, com conceito, envergadura intelectual, vida ilibada. Homens quase que santos, como Nelson Hungria, com a austeridade de um Hanemann Guimarães, o sentido de justiça de Lafayette Andrada, a personalidade de Ribeiro da Costa, a figura humana de Ari Franco. Enfim, tive, com o grande jornalista e escritor Nelson Motta, este convívio com aqueles que representavam com discreta e firme atuação a Suprema Corte do país. Nenhum deles chegou ali por indicações nem amizades. Eram merecedores da responsabilidade de fazer o país respeitado.
Cândido Motta vinha desde a Semana da Arte Moderna se destacando como homem superior, de fé e forte convicção democrática. E isso numa época em que muitos se deixavam seduzir por ideais totalitários.