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A atração de Paris sobre a intelectualidade brasileira mais à esquerda sempre foi muito grande. O que é mais do que natural pela capital francesa ser também um centro cultural fascinante e ponto de passagem quase que obrigatório aos que vão à Europa.
Tem gente que não entende e acha que viver bem em Paris é incompatível com posições mais à esquerda. Hoje, o nome mais conhecido é o do Chico Buarque de Holanda, que ficou rico com os direitos autorais de suas músicas e livros. Jorge Amado, que foi até deputado pelo Partido Comunista, passou os últimos anos de sua vida praticamente em Paris, embora sua obra tenha sido até o fim baiana, da primeira a última linha.
Outro “parisiense”, membro da Academia Brasileira e economista de referência sob o ponto de vista socialista, foi Celso Furtado. Cearense, viveu entre o Rio e Paris depois de afastado de posições de governo com a queda de João Goulart, de quem foi ministro. O mineiro José Maria Rabelo, que teve um jornal de esquerda e chegou às vias de fato com um oficial general antes de 64, também foi viver em Paris, onde abriu uma livraria dedicada a publicações latino-americanas.
O fenômeno não é brasileiro. O pintor Pablo Picasso, comunista espanhol, residiu em Paris depois da vitória dos franquistas. E a dominação nazista de 40 a 44 não o impediu que morasse na cidade, assim como os franceses de esquerda, como Sartre e Camus, entre outros.
Ernest Hemingway, o consagrado autor americano, que morou em Cuba, imortalizou o culto à capital francesa com a frase: “Paris é uma festa”. E que festa, cara!!!