Uma série de livros tem surgido no Brasil, como em Portugal, abordando a vida e a personalidade do filho de D. João VI que foi Imperador do Brasil e Rei de Portugal. No Brasil, foi o autor da Independência, obedecendo aos conselhos do pai de que “se for o caso, faça a Independência antes que outros o façam”. Com isso, manteve a unidade nacional e mais meio século de monarquia com a Casa de Bragança, através de seu filho Pedro II.
Criado no Brasil, com a vinda da Família Real em 1808, era natural que não tenha tido a educação primorosa dos príncipes europeus. Desde cedo, usufruiu dos prazeres da vida, manteve um círculo de amigos mais simples, mas, em compensação, foi desde sempre muito popular, em função da simplicidade de sua vida. Suas visitas às províncias eram feitas em comitivas reduzidas, dormia pelo caminho junto a soldados, muitas vezes em mal montadas barracas de campanha.
Seu casamento com a Princesa Leopoldina, filha de Francisco II da Áustria, irmã de Maria Luiza de Napoleão, lhe deu prole que se situou bem na nobreza europeia, especialmente francesa, com o casamento de duas irmãs com nobres gauleses, um dos quais filho do Rei Luís Felipe e o varão Pedro, que foi Imperador do Brasil por 49 anos. A filha mais velha, Maria da Gloria, D. Maria II de Portugal, foi uma Rainha de longo e marcante reinado na história de Portugal do século IXX. O casamento com Leopoldina durou nove anos, até a morte da Imperatriz.
Os registros históricos exageraram muito na fase final do casamento em que chocou a Corte com a grande paixão pela Marquesa de Santos, com a qual teve filhos e a quem permitiu ter grande influência no governo. Aliás, o Imperador gostava da família, pois também manteve uma ligação ardente com a irmã da Marquesa, a quem deu o título de Marquesa de Sorocaba. E só recentemente ficou confirmado que a decisão da Independência foi de D. Leopoldina e de José Bonifácio de Andrada, que estavam no Rio quando da chegada da destituição do então Regente pelas Cortes de Lisboa. Pedro estava em São Paulo, onde recebeu a notícia e fez a proclamação “independência ou morte”, que entrou na história, mas ciente de que a resposta à Lisboa já tinha sido dada pela Imperatriz.
Também a amizade que o uniu a Francisco Gomes da Silva, o Chalaça, teve a versão negativa superavaliada. Este o acompanhou no regresso a Portugal e depois serviu até o fim a D. Amélia. Foi mais do que um companheiro de aventuras amorosas e grandes noitadas.
Sua volta a Portugal para garantir o trono a filha evidenciou suas qualidades de homem de visão e dimensão, e o carisma do líder, depois de ter obtido o reconhecimento dos países europeus da separação do Brasil e congregar apoios para montar sua volta a Portugal, a partir dos Açores com um grupo de fiéis seguidores.
O segundo casamento, de cinco anos, com D. Amélia Leuchtenberg Napoleona, neta de Napoleão – o pai, Eugênio de Beauharnais, filho de Josefina, foi adotado pelo Imperador –, foi mais tranquilo e ela o acompanhou até o final, em Queluz, onde morreu aos 36 anos, na mesma sala em que nascera. Já D. Amélia morreu em Lisboa, em 1873
Foi homem de sentido midiático, como se diz hoje. Escreveu em horas o Hino da Independência, foi autor da frase “se for para o bem do Brasil e a felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico”, quando se negou a regressar a Portugal, deixando o cargo de Príncipe Regente do Brasil. Suas correspondências com o rei é de grande interesse histórico e revela a ligação com o pai em contraste com a proximidade do irmão Miguel com a mãe, Carlota Joaquina.
Realmente é uma personalidade a ser mais conhecida, pois a história registra mais sua luta contra o irmão, que, até bem pouco, dividia a nobreza portuguesa. Viveu pouco, mas marcou a história do Brasil como a de Portugal.