O visível crescimento do número de brasileiros que investem em Portugal se deve a uma atitude de prudência face ao momento político que o país vive e vem provocando um maior conhecimento da economia portuguesa e oportunidade de negócios. Os consultores têm aconselhado que o investimento em Portugal se limite ao imobiliário e à qualidade de vida de residir no país. São fatores positivos a língua, o clima, a gastronomia, a segurança pública e os serviços em geral, em especial domésticos. Nota-se que em alguns lançamentos Premium em Lisboa e Porto já incluem suíte para trabalhadores domésticos por causa dos brasileiros. Deve-se registrar que o investimento de brasileiros em Portugal é bem superior ao registrado, pois não engloba os de dupla nacionalidade, que estão entre os mais ricos. E até alguns com passaporte europeu emitido na Itália e na Espanha.
Os investimentos não são aconselhados considerando as leis laborais, os altos impostos, o endividamento público que pode comprometer o futuro da estabilidade econômica. Mesmo no setor de serviços, assim como no comércio, os consultores chamam a atenção para o ambiente do setor público socialista e estatizante hostil ao investimento – e ao emprego – para o fato de muitas cidades turísticas não permitirem lojas de rua abertas aos sábados à tarde e aos domingos, dias teoricamente receptivos a vendas para turistas. Herança dos governos socialistas.
A burocracia, mal comum das economias dos dois países, é outra trava ao empreendedorismo, que encarece e provoca a demora nas licenças e facilita a “venda de facilidades”. Brasil e Portugal são países em que, para pagar impostos e não ter problemas com as finanças, há de se contratar um contabilista. Abrir a economia, desburocratizar, estimular o investimento estrangeiro é o desafio maior do novo governo.
No Brasil, a produtividade tem sido avaliada entre as seis piores em levantamento que inclui 70 países. Falta de preparo da mão de obra na Indústria – cinco vezes inferior ao do trabalhador norte-americano –, perda de mais de duas horas diárias no transporte entre a casa e o trabalho, carga fiscal elevada. Hoje, a carga fiscal recomendada para atração do investimento gerador de renda e emprego é por volta de 20% nas empresas, como ocorre na Irlanda e Dinamarca, por exemplo. Nos EUA, são 25% e, no Reino Unido, 19%. Brasil e Portugal estão acima de 30%.
A falta de atração ao investimento externo colabora para a perda de avanços tecnológicos, assim como gera ambiente de desconfiança países que precisam crescer e ficam a discutir diminuição da carga horária semanal, pauta natural nos países de produtividade e lucratividade altamente positivas.
Na área do Mercosul, o Uruguai e o Paraguai de governos conservadores, crescem neste momento mais do que Argentina e Brasil, onde as travas contam com o apoio em segmentos relevantes da sociedade. A indústria no Brasil perdeu, nos últimos dois anos, 10% em produtividade, ficando entre as cinco piores economias nos 70 países estudados. O agronegócio, que depende pouco do setor público, ficou estável mesmo com a pandemia e a crise provocada por ela.
O discurso populista ainda encanta parte dos eleitores, prolongando uma anemia econômica que faz sofrer o pobre e mantém o empreendedor cauteloso. Mesmo com a miséria a que estão condenados, países com regimes desta nova esquerda, como são os casos de Cuba, Nicaragua, Venezuela e o empobrecimento argentino nos anos peronistas, depois de o país ser o mais bem avaliado na América Latina por décadas.
Publicado em: Jornal O Diabo.pt 23/03/24