A pouca importância que o turismo é tratado pelo governo brasileiro pode ser avaliada pela tentativa de exigir visto do cidadão norte-americano. A medida logo no início do governo Lula da Silva deveria entrar em vigor este mês. Graças aos esforços dos empresários do setor das cidades turísticas, a exigência foi prorrogada para o próximo ano. Os políticos se movimentaram, sendo o deputado do Rio de Janeiro Júlio Lopes o mais atuante para obter a prorrogação do governo.
O motivo da exigência de visto de um dos maiores emissores de turistas do mundo foi de fundo ideológico primário. Seria reciprocidade considerando a exigências dos EUA do visto para brasileiros. Como se houvesse grande interesse de norte-americanos para se fixarem no Brasil.
O Brasil recebe menos de um terço de turistas estrangeiros do que Portugal. E um quarto dos que visitam o Brasil são argentinos, que ficam nos estados mais ao sul, onde podem chegar um voos curtos ou mesmo de automóvel ou autocarro. Na verdade, o movimento é ainda menor, considerando a entrada de sul-americanos a negócios, o que explica ser São Paulo o destino de um terço dos quase seis milhões, ficando o Rio de Janeiro em segundo lugar.
Apesar de atrativos diversos dadas as dimensões do país, do tamanho de sua costa e da riqueza da fauna e flora, mesmo hoje com infraestrutura hoteleira de qualidade, incluindo resorts no Nordeste, o custo é alto na hospedagem e na alimentação de primeira linha, assim como os bilhetes aéreos dada a distância.
O Nordeste recebe poucos turistas, concentrados em portugueses, italianos, alemães, franceses e americanos. O Ceará é o estado mais visitado, considerando ter maior número de voos diretos da Europa – TAP e Air France –, vindo depois a Bahia e Pernambuco, também com ofertas de voos diretos. Os portugueses, além dos voos da TAP, têm suas redes hoteleiras presentes em toda a costa nordestina.
A Amazônia praticamente não tem turismo compatível com seu potencial. Possui voos de Miami, mais para exportar turistas do que receber. E na exploração do rio, apenas um barco de bom nível, o Iberostar, espanhol. Sendo Manaus uma zona franca industrial, parte da ocupação hotelaria é de homens de negócios.
Belém, que tem seus atrativos, pode se beneficiar em novembro com a visibilidade do encontro do G20, que terá uma das sedes na cidade, que já vem recebendo melhoramentos, inclusive para o grande encontro, em 2025, da Conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, com a previsão de cem delegações.
Publicado em: Jornal O Diabo – Portugal 25/04/24