Desde o Império as associações comerciais possuem papel relevante na nossa história. Entidades independentes, apesar do nome comercial, têm tradição na representação das classes produtoras. Uma barreira sólida em defesa da livre inciativa no país.
A Associação Comercial de São Paulo, fundada no início da República, logo se tornou uma voz poderosa em defesa do empreendedorismo, reunindo o que havia de melhor na sociedade paulista. Nos anos 1940 em diante, teve a representação reforçada por empresários brasileiros em primeira ou segunda geração, alguns com história na vida pública, como os casos de Paulo Maluf e Guilherme Afif Domingos. Antes teve na presidência o deputado Brasílio Machado Neto, fundador da Confederação Nacional do Comércio. A ACSP foi pioneira no Brasil, nos anos 1920, na arbitragem, hoje consagrada como meio de amenizar a lentidão do Judiciário, um dos entraves para a livre iniciativa no Brasil.
Outros estados tiverem ainda esta reserva cívica, como a da Bahia, a mais antiga do país, com o deputado e senador Miguel Calmon, um dos grandes políticos da Primeira República. Minas Gerais teve como presidente o estadista Magalhães Pinto, banqueiro e homem público relevante, líder civil da Revolução de 64.
O Rio de Janeiro, desde o Império, com o Barão de Mauá e Teófilo Otoni, teve como presidente o deputado Raul de Góes, da Paraíba, mas de presença no Rio como membro das Casas Pernambucanas. Porém teve uma trinca sem mandato de grande influência, nos difíceis anos 1960, em Rui Gomes de Almeida, Ruy Barreto e Antônio Carlos Osório. Rui Gomes de Almeida foi ministro honorário de JK, que o ouvia com frequência, e Osório, consultor do presidente Costa e Silva. Ruy Barreto foi fundamental na preservação de algumas entidades importantes no Rio, muitas delas até hoje sediadas na cidade. Os três formaram na fundação do Conselho Superior das Classes Produtoras (CONCLAP), que reuniu o empresariado na resistência a uma tentativa de implantar na ocasião uma República sindicalista-socialista no país.
Neste momento que o clima nas forças vivas da nacionalidade é de preocupação com os destinos da economia e da política no país, ganha responsabilidade entidades com este lastro histórico, independentes, para mobilizar a defesa da liberdade, que inclui a de empreender.
Não existe progresso social sem livre inciativa plena, assim como a democracia inclui a liberdade de empreender gerando renda e qualidade na oferta de materiais e serviços à população. O mercado é a essência da democracia, que elege o melhor, o de menor custo e de maior qualidade. O estado menor é que oferece melhores serviços e custa menos ao cidadão. Este foco sempre norteou essas entidades formadas pelos homens que fazem rodar a economia.
Estado menor, tributos simplificados levam ao pregresso econômico e social, como nos ensinou Roberto Campos disse Daniel Homem de Carvalho, ex-presidente da ACRJ.
Publicado em: Jornal O Dia 15/04/24