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O interesse dos brasileiros na opção Portugal em suas vidas, como residência, trabalho ou investimento, tem refluído nos últimos meses. Evidente que o principal motivo foi a vitória de Bolsonaro, que, com toda sua incontinência verbal, afastou o perigo de uma esquerda inconsequente, que levou o país à falência econômica e moral.
Bolsonaro venceu com um discurso à direita, e venceu bem, com uma frente de dez milhões de votos. Cidades do interior que ele nunca foi, ou certamente nem ouvira falar, deram-lhe 80% dos votos, tal o grau da indignação e desilusão popular com uma esquerda que provocou o desemprego e se contaminou pela corrupção. E está recuperando a economia, vendendo estatais, facilitando o investimento, tendo afastado o colapso previsto com as contas da Previdência Social, que é a preocupação de muitos países, sendo, na Europa, a França o exemplo mais forte.
Portugal apareceu como alternativa de vida, desde modestos trabalhadores, hoje muito presentes na restauração e hotelaria e nos serviços domésticos, a capitalistas que fizeram a alegria do imobiliário de alto padrão. As estatísticas que registram os brasileiros em segundo lugar no Visa Golden não é real. Número igual dos relacionados são de brasileiros com a dupla nacionalidade, portuguesa, ou mesmo espanhola e italiana, em grande número e na mais alta faixa de renda.
Mas o viés socialista hostil ao capital da legislação portuguesa vem assustando os que compraram mais de um imóvel e agora procuram ficar com apenas um, em função da tributação maior para as propriedades de elevado valor. Um tiro no pé, pois o investidor de maior poder aquisitivo é o que emprega, consome e investe mais. Parece que Portugal não quer isso. Nos últimos meses, a remessa de recursos para a compra de imóveis por parte de contribuintes brasileiros voltou a ter os EUA (Miami, em especial) na frente de Portugal.
Foi-se o tempo em que Portugal isentava até o IMI por dez anos de quem comprasse imóveis com recursos vindos de fora, mesmo que por portugueses com moradia em outros países. Hoje, a gula é grande por parte do fisco, que precisa arrecadar para pagar um dos maiores contingentes de funcionários do Estado em toda a Europa. E a fórmula liberal de subir a arrecadação pela via do aumento da produção, expansão do mercado externo e desburocratização não parece cogitada em Portugal.
Observadores da política portuguesa, vista de fora, estranham que o país, que tem na sua classe média más recordações do 25 de abril, nos seus excessos, confiscos e prisões sem motivação, não tenha um partido a semelhança do VOX espanhol, que já é uma força considerável e em ascensão, tranquilizando os que acreditam na livre empresa, no respeito à propriedade e à liberdade. O CDS-PP parece que não entende assim. Atrair portugueses residindo e trabalhando fora é medida inócua. Atraindo investimento, a mão de obra vem atrás.
A consolidação da democracia aponta para a alternância no Poder, vindo o centro e a direita para cobrir o gasto pouco responsável que marcam os governos de esquerda. Mas convém lembrar que, no mundo contemporâneo, o dinheiro e o consumo estão nas mãos dos jovens empreendedores. Por isso, os EUA assistem ao crescimento de seus milionários – mais de 10 milhões de dólares – ou dos maiores de 70 anos, que, sem renda, vão comendo suas reservas, suficientes para os 20 anos que podem lhes restar. A economia americana com Trump faz lembrar os anos dourados de Reagan e Thatcher.
As classes médias, para manter o padrão, precisam de mercado, para profissionais liberais, comerciantes, médios produtores rurais e pequenas indústrias. Estas não convivem bem com impostos elevados e leis laborais populistas, que os afastam do competitivo mercado internacional. Ou sonegam ou fecham. Esta é a receita das crises, na visão liberal.